As aventuras de uma empreendedora

Prometes que me prometes?!

Ana Campos

Promessas sobre promessas. A política faz-se de promessas que queremos ouvir. Todos fazemos promessas que julgamos vir a cumprir. Retórica cheia de inocência genuína ou disfarçada.

De cada vez que ouvimos uma promessa política os nossos pensamentos imediatos são: como isso seria maravilhoso, como se conseguem indignar tal como nós e como ouvimos as mesmas promessas da boca de tantos políticos, independentemente dos partidos. É como se não existisse uma verdadeira oposição, apenas uma troca de cadeiras e as mesmas promessas sem muita responsabilidade.

Não há qualquer dúvida de saberem o que queremos escutar, o problema reside em converterem as promessas em prática para que não se tornem vãs. A verdade é que pouco decidem quando representam decisões alheias, pois o poder político parece obedecer ao poder económico. Mas também é verdade que nos deixamos enganar com tais promessas, quando conseguimos imaginar o quanto será difícil tomar decisões genuinamente complexas. Talvez a promessa deva ser feita ao contrário: nós, eleitores, prometemos que confiamos e apoiamos o vosso trabalho depois de nos provarem com factos reais de como são capazes, depois de apresentarem propostas em vez de fazerem promessas, depois de mostrarem caminhos possíveis em vez de profetizarem resultados. Esta é a nossa promessa.

As promessas criam a doença crónica da desconfiança. Quanto mais se promete mais se agrava a doença. Assim, o voto que já foi tão desejado e reivindicado começa a ser cada vez mais desvalorizado. Uma conquista que se revela agora uma descrença. Apesar de tudo que esta descrença não anule o direito ao voto nem desculpe o incumprimento deste dever. Mas a descrença permanece.