Jovens adultos. Dizem que são preguiçosos, irresponsáveis e que adiam a vida adulta só porque sim. Tudo mentira. Claro que como em tudo há exceções mas a maioria não é nem pensa assim. Se adiam a vida adulta é porque se sentem impotentes e obrigados a isso.
Longe vai o tempo em que se podia escolher a vida que se queria. Se antigamente a qualidade de vida que tínhamos dependia daquilo que escolhíamos, do grau de estudos, agora já não é bem assim. Com todos os estudos que os jovens têm - há quem diga que têm habilitações a mais! Isso existe? O saber não ocupa lugar... - dependem do mercado, daquilo que lhes é externo o que neste momento está em crise e longe de ser cor-de-rosa. Uma geração fruto de uma educação rica em estudos com muito esforço da parte dos pais, com grandes perspetivas de oportunidades e sucesso, apaixonados pelo mundo e preocupados com o seu papel na sociedade, muitas vezes sentem-se presos a uma vida que não deveria ser a sua.
Quem diz que o dinheiro não é importante está enganado. Não é o dinheiro em si que importa mas tudo aquilo que ele permite. Sem uma estabilidade financeira a vida vai-se adiando, os projetos vão-se atrasando e tudo fica para "um dia". Aos 30 anos sentem que desde que tentaram/entraram no mercado de trabalho estão em constante luta, numa luta sem tréguas nem respostas. Não pedem muito, apenas o razoável. Tudo o que querem é estabilidade, um emprego em que o seu esforço é recompensado, criarem a sua própria família. Com todos os obstáculos que não foram criados por si vão adiando sonhos, alguns até já os renunciaram. Mas há uma voz interior que lhes grita, umas vezes baixinho outras vezes com mais força, que tudo vai melhorar apesar da sua capacidade de análise lhes fazer prever um futuro negro e incerto. É uma geração que precisa de lutar e continuar a acreditar todos os dias que o futuro será melhor. Posso concluir que esta é uma das gerações mais frustrada e ao mesmo tempo mais otimista de sempre.