A causa de todos os males é ignorarmos a humanidade. Interessa mais defender ideais políticos, teorias económicas ou crenças religiosas. Cada um com as suas ideologias esquecemo-nos que a única coisa que nos deveria guiar são os direitos humanos e como isso simplificaria tanta coisa, anularia tantos preconceitos que nos tornam profundamente insensíveis ao sofrimento alheio quando teorias e crenças tentam explicar o que é inexplicável em termos de direitos humanos. Com a ajuda de alguns ideais, racionalmente conseguimos anestesiar a nossa própria humanidade e aceitamos amenamente desgraças como a guerra, a fome, a morte e qualquer violação dos direitos humanos. Somos facilmente manipulados ou então extremamente preguiçosos. As notícias da guerra, da fome, da violência já não nos chocam. "É mesmo assim", pensamos egoistamente indiferentes ao espetáculo do terror exterior. Somos indiferentes ao nosso próprio egoísmo e isto é o que mais assusta e fomenta a falta de humanidade.
É a humanidade que serve todos os outros interesses menos humanos com a sua fome, morte, doenças, guerra e desgraças. A humanidade em vez de ser servida e protegida é usada. Apesar das diversas teorias todos conseguimos sentir a humanidade de uma única forma, uns com mais sensibilidade do que outros, mas todos chegamos a acordo relativamente ao que é humano ou não. O querer ter razão, o querer defender uma ideologia política, economia ou religiosa, torna-nos loucos quando deixamos de conseguir ver a humanidade como é: simplesmente humanidade. A humanidade não é moralidade, nem milhões de euros, de dólares, do que for, nem se trata de uma rede confusa de interesses pessoais. A humanidade tem servido tudo isto apesar de lhe colocarem cinicamente uma coroa de papel na cabeça. A humanidade no fundo é uma questão de sorte, sorte em termos nascido aqui e não ali. A falta de sorte de uns serve a sorte de outros.