A Europa desalinhada

Europa brilha debaixo de um céu escuro

Presseurop

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É interessante olhar para fotografias da Europa, tiradas durante a noite por um satélite. As manchas brancas e luminosas indicam abertamente as zonas mais desenvolvidas - o Benelux, a região de Paris, a bacia do Ruhr e o vale do Reno. A planície do Pó brilha igualmente, tal como Roma e os seus arredores e o Golfo de Nápoles. O Reino Unido, Madrid, Barcelona e a costa portuguesa apresentam-se banhados de luz. Na Europa Central, a mancha mais luminosa corresponde à Silésia e Praga, Budapeste, Varsóvia e Gdansk também são distinguíveis. Atenas e Belgrado cintilam. Ao longo do Bósforo e da Istambul das fábulas, avista-se um cordão de luz. Na Roménia, Bucareste - a zona mais iluminada - está ligada a Ploiesti e, mais adiante, um traço pálido rasga as trevas dos Cárpatos, até Brasov. Mais a Leste, há alguns pontos brancos (Kiev, Minsk), até Moscovo que surge como uma ilha branca na imensidade russa.

O Parlamento Europeu decidiu utilizar essa fotografia no cartaz das eleições do próximo ano, com o slogan "Agir. Reagir. Realizar". Uma imagem vale mais que mil palavras. Na foto, as centenas de milhares de pontos luminosos quase desenham os contornos da União - mais iluminada, no conjunto, do que o Leste da Europa e a África do Norte. Apesar dos seus problemas, a UE continua a ser um lugar melhor que muitos outros nesta Terra: é o que parecem sugerir os criadores do cartaz. No entanto, visto de perto, o brilho europeu começa a esbater-se. A crise do euro, a austeridade - e os problemas sociais que dela resultam - e as dúvidas sobre a viabilidade do modelo social europeu prejudicaram a credibilidade de todas as instituições europeias. Na verdade, minaram a credibilidade do próprio projeto europeu.