Aldina Duarte lança, no próximo dia 22 de março, um novo álbum, de título “Metade-Metade”. O disco foi escrito por Ana Fernandes, rapper e escritora mais conhecida como Capicua. Anteriormente, a artista do Porto escrevera já canções para a também fadista Gisela João.
Na apresentação deste trabalho, Aldina Duarte escreve que o fado é aqui entendendo como “instrumento de união, mudança e alerta” e que “Metade-Metade” é “uma declaração de amor à natureza, à liberdade e à poesia”, comportando também “uma grande incerteza sobre o futuro da humanidade: a urgência de nos reencontrarmos com a nossa forma de inteligência comunitária, de reaprender o nosso lugar no planeta. Não é o planeta que tem de ser salvo, é a espécie humana. Não somos feitos para a virtualidade ou para a solidão, precisamos dos outros para nascer, crescer e morrer. ”
“Este é o meu primeiro disco em que o amor romântico não é o tema, mas sim o amor universal, sendo, também, um manifesto político e social: os velhos são a esperança, enquanto espelhos de superação de guerras, doenças, ditaduras, muitas fomes e frios, com quem temos de aprender, as crianças, o futuro ameaçado, numa civilização consumista decadente que precisa de avançar quanto antes para uma civilização ecológica, mais igualitária, justa e digna para todos.”
Para a criação de “Metade-Metade”, Aldina Duarte ensinou a Capicua, a pedido desta, as regras de escrita do fado tradicional. “Tendo nós afinidades políticas e artísticas profundas, tive oportunidade de cantar temáticas muito diversas, inovadoras no meu reportório pessoal e no reportório fadista”, revela Aldina Duarte.
‘Araucária’, com letra de Capicua e música de Júlio Proença, é o primeiro single. O vídeo é de Telmo Soares.
Em 2023, Capicua falou à BLITZ sobre esta colaboração com Capicua: “Foi uma experiência incrível, porque aprendi muito. Tive a honra de ser aprendiz da Aldina e escrever para uma pessoa que sabe muito sobre fado, que gosta muito de poesia e que tem muita sensibilidade. Então também me esforcei muito para aprender o máximo possível, para entrar no seu universo e para conseguir escrever letras à medida dela, respeitando todas as regras dos fados tradicionais e da escrita de poemas para eles. Foi uma experiência de muito prazer”, reforça, “porque o formato poema, mesmo com aqueles constrangimentos das regras e das métricas do fado, faz-me muito bem, do ponto de vista quase espiritual. O exercício de escrever diverte-me muito e, do ponto de vista emocional e espiritual, acaba por ser muito catártico, então foi muito enriquecedor.”