Blitz

Manel Cruz, dos Ornatos Violeta, afirma que a Câmara do Porto se “mostrou sempre interessada em resolver o problema do STOP”

Numa longa nota publicada nas redes sociais, Manel Cruz, vocalista dos Ornatos Violeta que até 2021 assumiu um cargo de chefia numa das associações de músicos do Centro Comercial STOP, afirma: “Milhares de pessoas mobilizaram-se, e isso é ótimo e inspirador. Capitalize-se essa energia, mas para encontrar uma solução, e não para queimar bruxas”

Manel Cruz
Rita Carmo

Manel Cruz, músico do Porto conhecido como vocalista dos Ornatos Violeta, além de membro de projetos como Pluto e mentor de Foge Foge Bandido, publicou uma longa nota nas redes sociais, comentando o caso STOP. Na semana passada, e por ordem da Câmara Municipal do Porto, mais de 100 lojas daquele espaço, usadas pelos músicos da cidade para ensaiar e gravar, foram fechadas. Na sequência desta ação, multiplicaram-se os protestos dos artistas e as críticas à autarquia de Rui Moreira.

Esta segunda-feira, Manel Cruz publicou um texto nas redes sociais, no qual revela que, até 2021, assumiu um cargo de liderança numa das associações de músicos do STOP. “Em 2018, fui contactado pessoalmente pela Câmara Municipal do Porto [CMP]. Manifestaram-me a sua dificuldade em estabelecer contacto com o condomínio do STOP, num momento em que o risco de fecho estava iminente. Nunca tendo aderido a contextos associativos, vi-me com uma responsabilidade no colo, e optei por informar o máximo de gente possível do contacto que recebi”, garante.

Em 2021, Manel Cruz demitiu-se “da associação Alma Stop, por exaustão. Desmontei o meu estúdio por raiva e deixei de ter sala no STOP.” Na sua mensagem, dá vários exemplos para provar que, contrariamente ao que tem sido alegado por várias fontes, a autarquia tentou dialogar com os representantes do STOP. “Nesta era em que a verdade parece não ter relevância ainda existem factos. Facto: A CMP sempre dialogou connosco e sempre se mostrou interessada em resolver o problema. Eu sei porque eu estava lá”, escreve, dando vários exemplos desse envolvimento.

Manel Cruz conta ainda que “a crescente falta de quorum” acabou por comprometer o sucesso da associação, lamentando ainda as críticas de que foi alvo. “No início animou-me haver uma relativamente boa mobilização, mas muitos cansaram-se das surrealistas assembleias em que umas poucas pessoas levantavam questões tão dispensáveis quanto ofensivas, como por exemplo a razão pela qual teria sido eu o contactado pela Câmara. Lembro-me de ouvir um músico responder já sem paciência: “Porque é o poster-boy, c…!”, o que me pareceu um comentário lúcido”

“Apesar de não ser muito o meu feitio, aceitei o aproveitamento desse poder mediático por uma causa que se me afigurava de interesse maior. Essa desconfiança continuou durante todo o processo, e conduziu-me à necessidade inclusivamente de abrir um processo legal por difamação”, desvenda Manel Cruz. “Curiosamente ninguém me confrontou pessoalmente ou explicou a alguém de onde vinham as suspeitas que alegavam inclusivamente desvio de dinheiro.”

Explicando que, desde 2021, não está por dentro do processo, Manel Cruz lembra que “quando se pega num processo, é importante tomar consciência do trabalho que foi feito, por pessoas que deram tudo para fazer o melhor que sabiam. Que não receberam nada a não ser o ânimo de fazer parte de algo bonito, de que se pudessem orgulhar. É inspirador ver tanta gente a reunir-se em prol desta causa, mas não chega. É preciso haver um horizonte claro. Existe quorum agora, milhares de pessoas se mobilizaram, e isso é ótimo e inspirador. Capitalize-se essa energia, mas que seja para encontrar uma solução, e não para queimar bruxas, porque se o inferno existir, de certeza teremos todos lá uma sala de ensaios”, remata.

A BLITZ tentou entrar em contacto com as associações que representam os músicos do STOP, para que estes se pronunciassem sobre as declarações de Manel Cruz, não tendo obtido, até à data, resposta.