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Mike Patton dos Faith No More quebra o silêncio: “Fiquei completamente isolado, quase antissocial e com medo das pessoas”

Depois de cancelar a digressão com os Faith No More devido a problemas de saúde mental, Mike Patton explica que recorreu a ajuda profissional para lidar com vários problemas. “Foi difícil de explicar à banda, mas tinha de cancelar, senão podia ter acontecido alguma coisa muito má”

Depois de cancelar a digressão com os Faith No More (que teria passado pelo NOS Alive) devido a problemas de saúde mental, Mike Patton falou pela primeira vez sobre o assunto.

Em entrevista à "Rolling Stone", o músico norte-americano diz que esses problemas "continuam, mas já estou melhor. É fácil dizer que a culpa foi da pandemia. Mas, para ser sincero, no início da pandemia até pensei: 'que maravilha, posso ficar em casa a gravar'. Tenho um estúdio em casa. Mas depois alguma coisa mudou, e fiquei completamente isolado, quase antissocial e com medo de pessoas."

"Esse tipo de ansiedade, ou o que lhe quisermos chamar, levou a outros problemas, que prefiro não discutir. Mas tive ajuda profissional e já me sinto melhor. No final deste ano darei os meus primeiros concertos em dois anos; nunca estive tanto tempo sem atuar", diz.

Questionado sobre se os seus problemas incluíram consumo de álcool ou substâncias, Mike Patton responde: "Foi um pouco de tudo. Mas sobretudo [problemas] mentais. Pela primeira vez na vida fui a terapeutas e tudo. E eles diagnosticaram-me agorafobia, ou seja, tinha medo das pessoas e de estar com elas. Talvez por ter estado dois anos em casa, durante a covid? Não sei. Se calhar só agravou algumas coisas que já sentia. Mas falar sobre isso ajudou", reconhece.

Mike Patton explica que percebeu que tinha um problema quando os Faith No More estavam prestes a voltar à estrada. "Foi aí que me passei, e não foi bonito. Uns dias antes, disse-lhes: 'acho que não consigo fazer isto.' Tinha perdido a confiança e não queria estar frente às pessoas, o que é estranho, porque é o que passei metade da minha vida a fazer", diz. "Foi difícil de explicar, mas tive de o fazer, senão podia ter acontecido alguma coisa muito má. No lugar deles, teria ficado muito chateado, e ficaram. E provavelmente ainda estão. Mas temos de conhecer os nossos limites. Sei que, se tivesse continuado a insistir, o resultado podia ter sido desastroso. Decidi que tinha de tomar conta de mim."

Quanto à possibilidade de regressar à estrada com os Faith No More, Mike Patton admite não saber. "Podemos vir a reagendar as datas, ou não. É confuso e complicado. Se reagendarmos, boa. Se não, tudo bem."

Os planos do artista passam, por enquanto, por "continuar a fazer o que estou a fazer e tentar não me passar. Estou em paz quando estou com os meus cães. E no meu jardim, isso ajuda. E com toda a ajuda que estou a ter: psicoterapia, psiquiatras, isso tudo. E os Alcoólicos Anónimos, confesso que também ajudam muito."

A 28 de outubro, Mike Patton lançará o segundo álbum dos Dead Cross. No final do ano, tentará dar alguns concertos de Mr. Bungle.