A Cimeira do Clima da ONU, que deveria ter terminado esta sexta-feira no Sharm El Sheikh, no Egito, está num impasse.
Em declarações aos jornalistas, o vice-presidente da Comissão Europeia indicou que a sua delegação ainda não teve acesso ao texto final. "Estamos preocupados com algumas das coisas que vimos e ouvimos nas últimas 12 horas", afirmou.
Frans Timmermans enfatizou que a Europa continua a querer manter “vivo” o objetivo traçado em Paris de limitar o aquecimento global aos 1.5ºC acima dos níveis pré-industriais.
“Vamos ser claros. Os parceiros da UE estão aqui para obter um bom resultado. É melhor não ter uma decisão do que ter uma má decisão.”
Relativamente ao impasse, o vice-presidente da Comissão Europeia apontou criticas aos EUA. “Se negociarem, devem estar prontos para permanecer (na mesa de negociações) durante o tempo que for necessário. Já cedemos mais do que o outro lado. Espero que haja mudanças hoje. Não precisamos de convencer os EUA a manter os 1.5 vivos.
E acrescentou: “deixem-me ser bastante claro, a UE quer um resultado positivo, mas não aceitamos um resultado a qualquer custo. Todos os ministros estão prontos para abandonarem (as negociações) se não conseguirmos um bom resultado.”
A União Europeia já tinha dito anteriormente que recusou uma proposta “inaceitável” da presidência egípcia da COP27. Esta punha em causa os compromissos anteriores relativos a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
“Os conteúdos propostos traduziam-se num claro retrocesso em relação às conclusões de Glasgow e isso também não é aceitável pelas ONGs”
Também em declarações aos jornalista, o presidente da Associação Zero comentou o impasse.
“A posição da UE é adequada, mas é fundamental que haja manobra para incluir no fundo mais países para além dos países menos desenvolvidos e pequenos estados insulares”, considerou Francisco Ferreira. “A informação que temos é que os EUA mudaram (de posição) e alinham com a proposta UE em relação ao fundo sobre perdas e danos.”
Sobre o objetivo de travar o aquecimento nos 1.5ºC, o representante da Zero considera que “as questões levantadas pela UE referentes à mitigação são pertinentes”.
E conclui: “nas negociações da madrugada, os conteúdos propostos traduziam-se num claro retrocesso em relação às conclusões de Glasgow e isso também não é aceitável pelas ONGs”.