Segurança

Hackers russos atacam em Espanha durante visita de Zelensky. Portugal pode ser o próximo alvo

'Hacktivistas' pró-Putin acederam ilegalmente aos sites do Parlamento regional e do Metro de Madrid, bem como a sistemas de câmaras de videovigilância, durante a visita do presidente ucraniano àquele país. Portugal pode vir a sofrer ataques semelhantes

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Pelo menos três grupos de 'hacktivistas' defensores do Governo de Vladimir Putin reivindicaram ataques informáticos em Espanha durante a visita de Volodymyr Zelensky, na última segunda-feira.

Os NoName 057(16), os People´s Cyber Army e os Hunt3r Kill3rs são os alegados autores de ciberataques aos sites do Parlamento regional de Madrid, do Metro e da rede de transportes públicos da capital espanhola, bem como do tram de Barcelona ou do porto de Valência. Alguns dos portais ainda continuavam em baixo esta terça-feira.

Os cibercriminosos - que são suspeitos dos principais ataques a sistemas informáticos na Ucrânia desde o início da invasão russa - acederam também a sistemas de câmaras de videovigilância (as denominadas CCTV) em vários pontos do país vizinho, bloqueando as imagens em tempo real.

Um dia após o périplo em Espanha, o líder do Governo de Kiev encontra-se em Portugal com o primeiro-ministro Luís Montenegro e com o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa. Serãoassinados protocolos de cooperação entre os dois países, numa altura em que a Ucrânia atravessa uma fase crucial no conflito com a Rússia.

E Portugal, está em risco?

Alguns especialistas em cibersegurança acreditam que Portugal possa vir a sofrer o mesmo tipo de retaliações que ocorreram em Espanha não só durante a curta estada de Zelensky em território português como nos dias posteriores à visita.

"Sabemos perfeitamente que é muito provável (quase certo) que vários ataques de grupos pró-Kremlin atinjam Portugal, atendendo ao que se passou lá fora. É uma prática bastante comum e que resulta para os fins que estão em órbita", diz Bruno Castro, CEO da Visionware, uma das principais empresas portuguesas da área da cibersegurança. "Por aquilo que já conhecemos do modus operandi destes grupos, serão ataques a setores vitais da sociedade, sejam eles instituições governamentais e regionais (provavelmente, sobre Lisboa), setor dos transportes, telecomunicações, ou energia".

Este especialista explica que grande parte destes ataques serão DDoS [de negação de serviço, projetado para tornar um site, servidor ou rede indisponível], com uma disrupção "mais controlada". Segundo Bruno Castro, "é normal que existam perturbações, mas as entidades competentes estarão seguramente em alerta e preparadas para o que (provavelmente) aí vem."

Para já não foi assinalado qualquer tipo de ameaça real no ciberespaço português, apurou o Expresso junto de fontes do setor da segurança informática.