Bobby Robson faleceu hoje, aos 76 anos, vítima de cancro dos pulmões, confirmou a família.
De acordo com um comunicado, Bobby Robson "perdeu a sua longa e corajosa batalha contra o cancro e morreu, em paz, na manhã de hoje, na sua casa do condado de Durham, com a mulher e a família ao seu lado".
Desde o diagnóstico da doença, Robson foi submetido a cinco operações.
O treinador que começou a carreira como jogador chegou a representar a selecção inglesa nos Mundiais de 1958 e 1962.
Bobby Robson conquistou dois campeonatos europeus: a Taça UEFA em 1981 com o Ipswich Town e a Taça das Taças em 1997 com o FC Barcelona.
Em Portugal, o técnico treinou o FC Porto e o Sporting. O clube dos dragões esteve sob a orientação de Bobby Robson entre 1993/94 e 1995/96, tendo-se sagrado por duas vezes bi-campeão nacional e vencido a Taça de Portugal pelo FC Porto.
Terminou a carreia de treinador em 2004, quando orientava o Newcastle United.
Pinto da Costa: "Resistência e vontade de viver que nunca esquecerei"
Pinto da Costa, presidente do FC Porto, reagiu com consternação à notícia da morte de Bobby Robson, enaltecendo a coragem com que o treinador combateu a doença e destacando o "muito orgulho por ter sido bicampeão no FC Porto".
"Bobby Robson foi um grande senhor do futebol mundial que evoco com muita saudade e orgulho por ter sido bicampeão pelo FC Porto.
As suas qualidades de treino eram invulgares mas a sua força no período da doença quando estava no FC Porto foi um exemplo de resistência e vontade de viver que nunca esquecerei", disse Pinto da Costa à Lusa."Orgulho-me muito de o ter tido como treinador do FC Porto", concluiu Pinto da Costa.
Augusto Inácio: "Campeão de muitas batalhas"
O treinador Augusto Inácio recorda Bobby Robson como um campeão que ganhou muitas batalhas, sempre recorrendo ao seu espírito de brincadeira para ultrapassar as adversidades.
"A notícia do seu falecimento é triste, pois Bobby Robson foi sempre um lutador. Apesar dos muitos problemas de saúde que teve, venceu-os todos até hoje, em que perdeu o último campeonato", disse Inácio.
Contactado pela Agência Lusa em Luanda, Augusto Inácio, adjunto de Bobby Robson aquando a sua passagem pelo FC Porto, na década de 90, recorda o "homem extraordinário" e o "comunicador por excelência que era".
"Conviver com Bobby Robson, pela sua personalidade rica e forma animada e descontraída de ser, foi uma verdadeira lição de vida para todos nós. Nos bons e nos maus momentos tinha sempre uma palavra de ânimo", recorda.
Inácio recordou a eliminação do FC Porto frente ao FC Barcelona nas meias-finais da Liga dos Campeões, em 1993/94, com uma derrota por 3-0 em Nou Camp, como um desses exemplos da atitude de Bobby Robson.
"No regresso de Barcelona, seguia cabisbaixo no meu lugar no avião, quando Bobby Robson chegou ao pé de mim e me disse: "Inácio, levanta a cabeça. Futebol é isto mesmo, mas amanhã é outro dia e o sol brilhará para nós".
Para Augusto Inácio, que não sabia que Robson estava muito mal, e que o desfecho estava próximo, era esta personalidade forte e esta maneira de ser que fazia do treinador inglês um exemplo e uma lição de vida.
José Mourinho: Um treinador "imortal" pela "marca da sua personalidade"
José Mourinho considera que Bobby Robson, de quem foi adjunto no Sporting, FC Porto e FC Barcelona, se tornou um treinador de futebol "imortal", porque deixou "a marca da sua personalidade" em todos os que o conheceram.
O antigo seleccionador inglês, que morreu hoje aos 76 anos vitimado por um cancro, conheceu o actual treinador do Inter de Milão em 1992, quando foi contratado pelo Sporting, e depois levou Mourinho consigo para o FC Porto e para o FC Barcelona.
"Não tenho palavras, por isso não falava há alguns meses com o sr. Robson. É difícil aceitar que uma pessoa como ele, um ser humano como ele, está quase a deixar-nos... Mas é imortal, porque deixou em todos os que o conheceram a marca da sua personalidade", disse José Mourinho à Agência Lusa.
Segundo o treinador português, que ajudou o inglês a ganhar dois campeonatos portugueses no FC Porto e uma Taça das Taças, uma Supertaça Europeia e uma Taça do Rei de Espanha no FC Porto, Robson era "um grande treinador, mas, mais do que isso, uma grande pessoa".