Desde a apresentação do relatório da comissão independente sobre os abusos sexuais de padres, a 13 de fevereiro, registaram-se cerca de 50 novas denúncias de crimes de pedofilia por membros da Igreja Católica. A maior parte chegou ao Grupo Vita, que substituiu a comissão independente e que recebeu “40 pedidos de ajuda” nos primeiros 60 dias de funcionamento. As outras dez queixas foram recebidas pelas comissões diocesanas para a proteção de menores, criadas pela própria Igreja e lideradas por leigos. A maioria foi enviada para o Ministério Público (MP). Ou seja, em dois meses os casos de abusos entregues à Justiça passaram para o triplo já que a comissão independente liderada por Pedro Strecht tinha enviado para o MP 25 queixas no início do ano.
O Expresso sabe que o número das participações enviadas pelo Grupo Vita ao MP é um pouco inferior aos 40 casos, uma vez que parte destas queixas dirigiam-se a padres que já morreram, tornando inútil qualquer processo judicial. Mas Rute Agulhas, coordenadora deste grupo, revela que o número de participações às autoridades judiciais vai voltar a aumentar: “Nesta última semana, com a vinda do Papa a Portugal, sentimos um aumento dos pedidos de ajuda por parte das vítimas, que se sentiram encorajadas com as palavras de Francisco e com o facto de o tema ter sido muito mediatizado e de ter sido declarada tolerância zero face a esta realidade.”