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Jornada Mundial da Juventude

Ajustes diretos disparam no último mês antes da visita do Papa

Maioria dos contratos públicos nos últimos 30 dias foram feitos sem concurso. Governo autorizou ajustes diretos para a Jornada Mundial de Juventude: representam 76% desde 2020. Os custos totais superam €38 milhões

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São 194 os contratos celebrados por entidades públicas relacionados com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) desde 2020, num valor total superior a 38,33 milhões de euros. Destas adjudicações, só seis contratos foram celebrados em 2020, nove no ano seguinte e apenas 27 em 2022. Significa isto que a esmagadora maioria das adjudicações (78,50%) foram feitas já em 2023, nos últimos sete meses. E há outro dado a mostrar como a receção ao Papa acelerou nos últimos meses: dos 194 contratos contabilizados pelo Expresso, 91 (46,9% do total) foram celebrados no último mês, num valor próximo dos 6 milhões — praticamente 200 mil euros por dia, em média. Nesse período, o peso dos ajustes diretos subiu 13 pontos, para 83,50% de todos os contratos celebrados, em comparação com a percentagem verificada entre 2020 e 26 de junho deste ano.

Estes mais de 38 milhões não representam os gastos totais do Estado com o certame: podem já ter sido celebrados outros contratos públicos que ainda não foram publicados no Base ou que tenham escapado às combinações testadas pelo Expresso. Por exemplo, após a polémica entre Governo e autarquia de Lisboa no final de janeiro, a Igreja Católica comprometeu-se a custear o palco do Parque Eduardo VII (450 mil euros), valor que não tem de ser reportado ao Base.