O Papa não concede perdões legais, mas pode suscitá-los, desde que pensemos a igreja “como um lugar de refúgio, um lugar que pode acolher criminosos por estar fora da alçada [da legislação] civil”. Se a perspetiva for esta, verificamos que “culturalmente a tradição da liderança religiosa está associada ao perdão”, explica ao Expresso Paulo Mendes Pinto, coordenador do departamento de ciências da religião da Universidade Lusófona.
As amnistias são um barómetro do tempo político e social em que são decretadas, uma prática que remonta “à era pré-cristã”, diz Paulo Mendes Pinto. O poder político assinala a segunda visita a Portugal do Papa Francisco para participar nas Jornadas Mundiais da Juventude com uma amnistia abrangente que tem os jovens como destinatários privilegiados. Mas este exercício do perdão não aconteceu em todas as seis anteriores visitas de um chefe da igreja católica.
Neste texto, partilham-se e recordam-se os momentos políticos que o país viveu desde um que o Papa Paulo VI veio a Fátima como “peregrino para implorar o inestimável bem da paz”, quando Portugal estava em plena guerra colonial e Salazar chefiava o Governo da ditadura.