Aravindan Balakrishnan, de 73 anos, e Chanda, de 67, são marido e mulher e terão conseguido atrair, a partir de uma "ideologia política partilhada", as três mulheres que subjugaram durante 30 anos, na sua casa em Londres, e que foram libertadas na semana passada.
Registos do Partido Comunista de Inglaterra indicam que Balakrishnan foi suspenso da organização em 1974. Criou então um grupo denominado Instituto dos Trabalhadores do Pensamento Marxista-Leninista de Mao Zedong, baseado em Acre Lane, Brixton, sendo o edifício usado como livraria e comuna política.
Durante esses anos o casal chegou a ser detido, com outros três elementos do grupo, desconhecendo-se o motivo para tal.
"Eles eram um pequeno, muito pequeno grupo restrito, claramente sob o feitiço do 'camarada' Balakrishnan. Eles recusavam-se a reconhecer a legitimidade do Estado e mantinham uma atitude hostil para com o establishment e para com a restante extrema-esquerda britânica de então", afirma ao "The Independent" Steve Rayner, professor da Universidade de Oxford que investigou o grupo nos anos 1970.
Os seus seguidores acreditavam estar prestes a ser libertados pelo Exército Vermelho da China.
"Gruta psicológica"
O psicólogo criminal David Holmes refere à BBC que as informações entretanto recolhidas sugerem tratar-se de uma "espécie de culto político" ou de "comuna forçada", que na realidade mantinha os seus membros cativos, "quase como se estivessem numa gruta psicológica"
Várias fontes indicaram a presença de uma quinta mulher na casa de Brixton, descoberta pelas autoridades na semana passada, uma idosa que se transportava de cadeira de rodas, não sendo claro se era residente ou não. A polícia, contudo, não confirmou nem desmentiu a sua presença por altura das detenções na semana passada
Segundo informações da polícia, referidas pela BBC, o casal, que manteve as mulheres escravizadas e em servidão doméstica, é natural da Índia e da Tanzânia e terá emigrado para Inglaterra nos anos 60.