Exclusivo

Ciência

Censos. CNPD acusa INE de autorizar o envio de dados de seis milhões de portugueses para países que não garantem privacidade

Comissão Nacional de Proteção de Dados fixou novo recorde com coima aplicada às alegadas más práticas dos Censos 2021. Especialistas em privacidade recordam que, de ora em diante, a CNPD não vai ter mão leve com entidades públicas. O caso dificilmente passa despercebido no estrangeiro. Além do poderio das marcas americanas, UE e EUA estão a tentar fechar novo tratado para a partilha de dados

Nuno Botelho

Em 2021, o Instituto Nacional de Estatística (INE) fechou o ano com lucro de quase 1,8 milhões de euros. Passado cerca de um ano, o lucro não chega para cobrir a coima de 4,3 milhões de euros que a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) anunciou esta segunda-feira devido às alegadas más práticas na gestão de informação de seis milhões de portugueses que responderam aos Censos 2021 através da Internet. Em causa está a contratação do serviço de cibersegurança da empresa Cloudflare. Segundo a CNPD, nada impedia que os dados recolhidos pelos Censos passassem por países que não dão garantias de privacidade - com os EUA referidos explicitamente. O INE já fez saber que vai recorrer aos tribunais – mas entre entendidos há quem acredite que a deliberação vai produzir efeito muito para lá das fronteiras nacionais.