Como nasceu e quem fez nascer esta Associação de Vítimas e Sobreviventes dos Abusos Sexuais na Igreja?
Ainda está numa fase muito embrionária. Nasceu a partir da indignação que sentimos face ao silêncio demorado e da reação revoltante das autoridades eclesiásticas portuguesas perante o relatório da Comissão Independente. As mais de 500 vítimas que se prestaram a entregar os seus depoimentos – e eu fui uma delas – deram alguma coragem a outras tantas pessoas que, se a Comissão Independente fizesse uma segunda ronda, tenho a certeza que viriam a público partilhar os seus traumas.
A associação chama-se “Coração Silenciado”. A missão é dar voz a tantos corações silenciados e ser um porto seguro para que as vítimas se sintam à vontade para falar?
O primeiro objetivo é responder à Igreja e chegar à fala com as autoridades eclesiásticas, nomeadamente conseguir um encontro com o Papa, quando cá vier para as Jornadas Mundiais da Juventude. Está também combinada uma audiência, que ainda não está exatamente agendada, com o Presidente da República. A intenção imediata é mostrar que nós existimos e que queremos representar todos os que se manifestaram no relatório da Comissão Independente, assim como aqueles que não o fizeram e gostariam de se manifestar se houvesse uma segunda ronda de recolha de testemunhos.