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Imigração divide esquerda e direita na manifestação onde mais se gritou “Portugal é de todos, não nos encostem à parede"

Manifestação contra o racismo e a xenofobia juntou este sábado uma multidão que desfilou entre a Alameda Dom Afonso Henriques e o Martim Moniz, em Lisboa, apelando a melhor integração de comunidades imigrantes. Mas também houve movimentos de sentido oposto, e ouviu-se André Ventura gritar: “Encostem-nos à parede, até perceberem que este país é nosso”

TIAGO MIRANDA

“Imigrantes são bem vindos”, e “Não nos encostem à parede, Portugal é de todos”, foram palavras de ordem que ecoaram na manifestação que juntou este sábado uma multidão em Lisboa, num protesto contra "o racismo e a xenofobia". Designada de Não Nos Encostem à Parede, a manifestação começou por volta das 15h na Alameda Dom Afonso Henriques, e terminou no Martim Moniz, numa alusão assumida à ação policial que decorreu a 19 de dezembro na Rua do Benformoso, e às mediáticas imagens que circularam de imigrantes hindustânicos encostados à parede.

Entre os manifestantes, houve gente de cravo vermelho na mão, pais acompanhados dos filhos, estudantes, ativistas, pessoas que trouxeram os cães — e também muitos imigrantes.

“Isto não é contra a polícia, é contra a forma como se estão a monopolizar as polícias, com objetivos políticos, para intervenções de aparato, como aconteceu na Rua do Benformoso, associando os imigrantes à criminalidade, como se fossem bodes expiatórios para tudo o que de mal acontece no país”, frisou ao Expresso Anabela Rodrigues, porta-voz da Associação Solidariedade Imigrante, mobilizadora da manifestação Não Nos Encostem à Parede, entre “dezenas de outras associações envolvidas, além de pessoas de forma individual”.

A organizadora assume que a manifestação teve o objetivo de mobilizar “quem tem ideais de esquerda”, independentemente das posições partidárias, mas aberta a todos os que primam pela “dignidade, direitos sociais e liberdade para quem vive e trabalha em Portugal”.

E deixou claro que o que está em causa não são as forças de segurança, que são “necessárias”, mas “contra a forma de atuação, de parcos resultados” como decorreu no Martim Moniz, com foco visível em imigrantes, que foram “impedidos de circular na rua, encostados à parede, humilhando-os, como se fossem criminosos”, e num “aparato policial que tem vindo em escalada, e isto, ao contrário de segurança, só gera insegurança”.