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Sociedade

"Não queremos morte, queremos justiça: queremos que o bófia vá de cana"

Manifestação de protesto contra a morte de Odair Moniz juntou cerca de três mil pessoas e decorreu sem incidentes. A maioria eram jovens dos bairros da periferia, que se juntaram a políticos e outros apoiantes da causa. “Estamos juntos, estamos fortes”

TIAGO MIRANDA

Tem a cara tapada com um lenço preto para “não ser identificado pela polícia" que vigia à distância as cerca de 3 mil pessoas que se juntaram à manifestação do movimento Vida Justa. Ainda assim, aceita identificar-se.

“Chamo-me Kiko Baldé, tenho 30 anos e vivo num bairro da Amadora. Estou aqui porque não podemos continuar a ser tratados desta maneira pela polícia. Eu sou pior tratado por causa da cor da minha pele. Se é por ser do bairro? Vou contar-lhe uma coisa que está sempre a acontecer: quando temos uma festa e chamam a polícia, os pretos são sempre encostados à parede de pernas abertas. Os brancos ficam à parte. Mas sou justo. Já precisei de chamar a polícia, chamei e vou continuar a chamar quando for preciso. Mas não podem continuar a matar-nos assim.”