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Eric Adams Disléxico, rejeitado, preso, eleito e acusado

O mayor de Nova Iorque enfrenta acusações de corrupção. Perfil de um ex-polícia que aprecia as boas coisas da vida e detesta ratazanas

Eric Adams tem um jeito peculiar com as palavras, uma queda para slogans que fazem políticos e cons­troem carreiras. Quando foi eleito mayor de Nova Iorque, a maior cidade dos Estados Unidos, casa de mais de oito milhões de pessoas, habitada por milhares de histó­rias, sonhos americanos e incontáveis mitos, disse o seguinte: “Dylsexic, rejected, arrested and now elected” (disléxico, rejeitado, detido e agora eleito). A frase conta uma narrativa, tem ritmo, é marketing e funciona: Eric Adams, nascido na pobreza, na fome e na violência, ridicularizado na escola pela dislexia e com episódios de delinquência, fez-se polícia, subiu na hierarquia até se tornar capitão — e a seguir político, aparentemente a sua maior vocação, primeiro como senador estadual por Brooklyn e depois como mayor de Nova Iorque. Aconteceu em novembro de 2021, durante um período delicado: a Big Apple estava fechada numa redoma sanitária por causa do vírus que ameaçava a saúde pública, financeira e mental; o lugar que nunca dormia estava com insónias.