Exclusivo

Sociedade

O fitoplâncton está a mudar na Antártida e com isso há coisas boas e más a acontecer no oceano

“A biomassa de fitoplâncton e a fenologia da floração no mar da Península Antártida Ocidental estão a mudar significativamente, em resposta às alterações climáticas.” Esta é uma das conclusões de um estudo liderado pelo investigador Afonso Ferreira, do MARE, publicado na revista científica “Nature Communication”. Em entrevista ao Expresso, o ecólogo marinho conta o que observou nas três expedições à Antártida em que participou e qual a sua relevância para o ecossistema marinho e o equilíbrio da atmosfera

Afonso Ferreira, investigador do MARE, durante a expedição à Antártida
Catarina Guerreiro

Natural da ilha da Madeira, Afonso Ferreira sempre se interessou por biologia e a do oceano captou a sua atenção enquanto doutorando da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE - Marine and Environmental Sciences Centre). Em conversa com o Expresso, o ecólogo marinho de 31 anos lembra que tal como as árvores são importantes para a produção de oxigénio e absorção de dióxido de carbono (CO2) em terra, o fitoplâncton é um dos principais protagonistas no oceano, contribuindo para 50% do oxigénio existente na atmosfera. E “o Oceano Austral, que rodeia a Antártida e ocupa 20% da superfície oceânica global, tem capacidade para capturar 40% do total de CO2 produzido pela atividade humana”. Essa capacidade está a aumentar com o “bloom” de um tipo de fitoplâncton. O problema é que a alga unicelular que mais floresce não é a predileta na alimentação de espécies emblemáticas do oceano.