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Sociedade

“Há margem para um aumento real de 20% de salários, mas os trabalhadores não estão a ser capazes de o exigir: isto fazia-se com sindicatos”

Paulo Pedroso, professor e ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade de António Guterres, faz um retrato sobre os grandes desafios do futuro do mercado de trabalho. Para o sociólogo, as gerações mais novas estão a ser “vítimas da armadilha ideológica do individualismo e da meritocracia” e a “votar com os pés” saindo do país para melhores condições. O político considera que, face ao quadro europeu, e com esta ‘fuga de cérebros’, Portugal está a sofrer uma ‘transmontanização’ e corre o risco de viver o que os países de leste passaram há mais de 50 anos, com população “sobrequalificada e frustrada”

Paulo Pedroso, antigo ministro do Trabalho no governo de António Guterres.
João Lima

De férias no Algarve, o antigo ministro de Guterres resume um dos principais problemas que está a atrasar a economia do país: os salários pouco competitivos para o mercado europeu estão a levar a que os jovens mais qualificados continuem a sair do país, levando a inovação consigo. Para este político, é preciso voltar a apostar na Indústria e não apenas no Turismo ou senão Portugal torna-se “a Tailândia da Europa”

Como se sabe os jovens em Portugal são dos mais precários, dos mais mal pagos, e dos que mais tarde se conseguem emancipar. Caminhamos para onde?
Sobre a situação atual dos jovens, para mim há uma questão de fundo que é o facto de todo o nosso sistema e políticas de mercado de trabalho ter sido concebido para uma realidade educativa completamente diferente. Antigamente 80% dos jovens não chegavam ao ensino superior, hoje 80% dos jovens tem essa formação.