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Para evitar mortes por atropelamentos é necessário reduzir velocidades - e isso depende das autarquias

Ao contrário de Portugal, Espanha alterou o Código da Estrada a pedido dos autarcas, reduzindo o limite para 30 km/h em certas vias

Desde 2012 que não se registavam tantos atropelamentos mortais como em 2018
Tiago Miranda

A solução para o elevado número de atropelamentos em Portugal está, em grande medida, nas mãos das autarquias, a quem cabe criar zonas de velocidade reduzida nas localidades e avançar com medidas que, na sua maioria, tendem a ser pouco populares junto dos condutores. Foi perante esse contexto que, em Espanha, um grupo de autarcas pediu à Direção-Geral de Trânsito que alterasse o Código da Estrada para facilitar a redução da velocidade em algumas vias a nível nacional. As novas regras entraram em vigor em 2021, abrangeram 60% das ruas espanholas e as autoridades apontam para uma diminuição das vítimas mortais num ano.

“Em maio de 2021, o limite de velocidade em Espanha mudou para 30 km/h em vias de faixa única e 20 km/h em vias com espaço compartilhado. A medida visa principalmente melhorar a segurança rodoviária para utilizadores vulneráveis, principalmente os peões, que representavam quase metade das mortes nas cidades espanholas em 2019. Também visava proteger as pessoas com mais de 64 anos, que constituíam mais de 40% das mortes”, explica ao Expresso Álvaro Gomes Mendez, diretor do Observatório Nacional de Segurança Rodoviária de Espanha. “Ao comparar 2022 com 2019, o número de mortes nas cidades espanholas diminuiu 8%, as mortes de peões desceram 13% e as mortes de pessoas com mais de 64 anos caíram 18%.”