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Os jovens portugueses estão em “sofrimento psicológico”, mas ainda há sinais de esperança: explicamos porquê em quatro pontos

O perfil de saúde de Portugal de 2021, traçado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, mostra que os jovens, entre os 18 e os 29 anos, apresentam taxas de sofrimento psicológico “moderado a grave”, bem acima dos adultos. Este estudo traça causas prováveis, assim como algumas notas de esperança. Aqui explicamos o essencial em quatro pontos

Unsplash/ Külli Kittus

1. Prática de exercício físico diminuiu e peso aumentou: a culpa é da pandemia?

Num ano ainda marcado pela pandemia de covid-19, o bem-estar físico e emocional dos jovens diminuiu. Ganharam peso, fizeram menos exercício físico e viram a saúde mental deteriorar-se. Por outro lado, reduziram o consumo de álcool e de tabaco para níveis abaixo da média europeia.

O aumento das taxas de excesso de peso e obesidade tem vindo em crescendo, entre os adolescentes, “na última década”. Segundo a OCDE, em 2018, “mais de um em cada cinco jovens de 15 anos tinha excesso de peso ou era obeso”. Significa que, em Portugal, 22% dos jovens desta idade têm excesso de peso ou obesidade, um valor acima da média europeia (19%). Estes valores podem estar relacionados com as baixas taxas de exercício físico praticado pelos adolescentes.

De acordo com este relatório, apenas 5% das raparigas com 15 anos afirmaram praticar desporto “moderado” todas as semanas, enquanto nos rapazes a percentagem sobe para os 12%. Ambos os valores estão entre os “mais baixos” da UE onde a média está nos 10% para as raparigas e nos 18% para os rapazes.

A falta de exercício físico pode ter consequências também para a saúde mental dos mais jovens. A OCDE realça que ambas as dimensões estão “intimamente relacionadas” e defende que “a atividade física é um fator protetor da boa saúde mental”. E, consequentemente, “pouca atividade física pode contribuir para problemas de saúde mental em crianças e adolescentes” - uma boa pista para quem queira recuperar.

Contudo, a obesidade não é um problema que afeta apenas os adolescentes. Pelo contrário, é considerado um “problema de saúde pública crescente em todas as faixas etárias”. Também nos adultos a taxa de obesidade era de 17% em 2019, um valor ligeiramente superior à média europeia (16%). A par do consumo de álcool e da falta de exercício físico, a obesidade é considerada um dos “principais fatores” para a mortalidade em Portugal.