Ian atingiu Cuba no final de setembro e cresceu nas águas quentes do Golfo do México, enquanto se movia em direção à costa do Golfo da Flórida, nos Estados Unidos. O furacão alcançou a categoria quatro — a segunda mais elevada —, com ventos de 240 quilómetros por hora e fortes chuvas que aumentaram pelo menos 10% devido às alterações climáticas, que “não causaram o furacão, mas tornaram-no mais húmido”, concluiu uma investigação preliminar de cientistas americanos. Não é claro que a crise climática esteja a aumentar a frequência dos ciclones tropicais, mas está a torná-los mais intensos, explicam dois climatologistas ouvidos pelo Expresso.
Graças ao aquecimento global, a temperatura da água do mar tem aumentado à superfície e nas primeiras dezenas de metros em profundidade, o que faz com que a intensidade dos furacões aumente. “A água quente gera muita evaporação do mar para a atmosfera. Essa água que evapora sobe e pouco depois condensa logo, passando outra vez ao estado líquido. É a mudança de fase da água que liberta muita quantidade de energia”, explica Alfredo Rocha, professor de meteorologia e climatologia na Universidade de Aveiro.