Sabemos agora que, em 2020, foram desperdiçados quase dois milhões de toneladas de alimentos, o dobro do que se estimava. Surpreende-o?
É avassalador. É o dobro do que até agora era estimado para Portugal e que partia de uma proporção feita com dados da FAO. É muito positivo termos, finalmente, dados reais sobre o desperdício alimentar no nosso país para colocar o tema no centro do debate. De tudo isto, o que mais me choca e me assusta é o peso tão grande do desperdício que acontece nas nossas casas.
Porquê?
Porque esse desperdício que acontece em casa é o mais difícil de resolver. Nos restantes sectores da cadeia alimentar há já uma consciência em relação ao problema e há mudança de comportamentos. Mas as pessoas tendem a achar que o desperdício alimentar é um problema que está longe delas. Só que não está. O que acontece em casa são pequenos desperdícios e perde-se noção do total. Parece que é só uma maçã ou só um iogurte. Mas se cada português está a desperdiçar 184 quilos de alimentos num ano, isso é meio quilo por dia. É o equivalente a deitar duas ou três maçãs ao lixo todos os dias. Há um grande caminho a fazer. E a campanha que lançamos esta quinta-feira, e que estará um mês no ar, tem precisamente o objetivo de alertar as pessoas para o problema.