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Antidepressivos, sim ou não? Psiquiatrias temem que doentes abandonem tratamento após estudo que questiona forma como atuam os fármacos

Um estudo britânico sobre as causas da depressão e a eficácia dos antidepressivos divulgado recentemente gerou críticas por parte de especialistas do Reino Unido. Psiquiatras portugueses alinham pela mesma bitola e temem que os utentes "abandonem o tratamento". Ao Expresso, a principal autora do estudo, Joanna Moncrieff, sublinha que "não se pode esconder descobertas científicas" só para preservar a ideia "de que se sabe como funcionam os antidepressivos, quando na verdade não se sabe"

Paul S. Howell/Getty Images

Durante várias décadas, a depressão foi associada à existência de baixos níveis de serotonina — um neurotransmissor que assegura a comunicação entre os neurónios — no cérebro das pessoas afetadas pela doença.

Uma revisão abrangente de várias meta-análises e estudos publicados sobre este assunto, publicada recentemente na revista científica "Molecular Psychiatry", revelou, contudo, que "não há evidência científica sólida" de que a depressão esteja associada ou seja causada por uma baixa concentração de serotonina ou uma reduzida atividade deste neurotransmissor.

"A maioria dos estudos não encontrou evidências de uma redução da atividade da serotonina em pessoas com depressão, comparativamente a pessoas [sem esta doença]", sublinha a equipa de investigação britânica que realizou a análise.