De acordo com os dados da Comissão para a Igualdade de Género, nos primeiros três meses deste ano, morreram oito mulheres. Só este mês houve quatro ocorrências fatais. A mais velha tinha 78 anos, a mais nova apenas 31. Em mais de metade dos casos noticiados havia antecedentes de agressões e 40% das vítimas tinham apresentado queixa contra o homicida. Uma tinha botão de pânico, que não teve tempo de acionar. Esmagadora maioria dos crimes foi cometida após separações e divórcios, e com recurso a armas de fogo. Mortes ocorrem mais a norte. Conheça aqui alguma das vítimas.
21.06
Sara, 45 anos. Baleada na cabeça, à porta de casa, um apartamento em São Domingos de Rana, Cascais. Os tiros, disparados à noite, já depois das 21h, a curta distância, despertaram a vizinhança que ainda terá visto o marido em fuga, numa carrinha com materiais de construção. O homicida seria encontrado no dia seguinte enforcado numa obra onde trabalhava. A vítima já tinha apresentado queixas na PSP devido a ameaças de morte depois de ter pedido o divórcio e tinha um dispositivo de alerta.
15.06
Assunção Correia, 78 anos. Encontrada morta em casa, em São Martinho, Seia, agredida pelo neto, Joel Valentim, de 31 anos, que vivia com ela. Os ferimentos na cabeça levantaram dúvidas aos bombeiros de Seia, que se deslocaram à residência, chamados para uma suposta queda acidental, e alertaram as autoridades. A vítima estava caída no chão da cozinha. De acordo com testemunhos recolhidos pela PJ, o agressor já tinha tentado asfixiar a avó anteriormente por esta lhe recusar dinheiro e insistir para que arranjasse emprego.
06.06
Sílvia Mendes, 45 anos. Morta a tiro à porta de uma fábrica de calçado em Refontoura, Felgueiras, pelo ex-marido, com quem foi casada cerca de 20 anos. Estavam separados há dois mas Sérgio Cunha não queria formalizar o divórcio. Uma semana antes do crime, quando suspeitou que Sílvia poderia ter um novo relacionamento, tentou esfaqueá-la, e só a intervenção de familiares evitou o pior. Voltou a tentar, até conseguir, esperando-a à porta do trabalho, com uma caçadeira. Quando a viu chegar, com a irmã, atingiu-a no peito e no abdómen. Ficou em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional do Porto, em Custóias.
04.06
Celestina Ferreira, 52 anos. Morta dentro do carro, com um tiro na cabeça, pelo ex-marido, com quem vivera 27 anos e de quem estava separada há quatro meses. O homicídio ocorreu num parque de estacionamento, após uma festa, no Lugar da Igreja, em Escariz, onde o agressor terá visto a ex-mulher a dançar com um homem. A vítima ainda foi transportada em estado crítico para o Hospital de Gaia, mas acabou por morrer. Adriano, o homicida, tentou matar-se em casa, ao pé dos seis filhos, mas a arma não disparou. Fugiu para uma escola abandonada onde acabou por ser detido. Há cerca de três meses, Celestina tinha apresentado queixa contra ele na GNR, devido a sucessivas ameaças com armas de fogo. O suspeito chegou a ser detido, mas ficou em liberdade. Depois do crime ficou preso preventivamente.
03.05
Sónia Marisa Barros, 33 anos. Baleada com três tiros de pistola pelo marido, Fernando Correia, 35 anos, no Lugar da Costa, nos arredores de Ponte de Lima, depois de levar os dois filhos, de 12 e 3, à escola. O homicida, eletricista de profissão, tentou depois suicidar-se da mesma forma, mas sobreviveu. Foi detido pela PJ depois de ter alta hospitalar. Já havia antecedentes de violência contra os sogros. "Num contexto de violência doméstica, o suspeito, movido por ciúmes e munido de uma arma de fogo, desferiu vários tiros na esposa, que lhe vieram a causar, ainda no local, a morte", conta a PJ de Braga em comunicado.
09.04
Marta Carvalho, 47 anos. Quando saiu de casa da mãe para ir trabalhar, pouco antes das 8h da manhã, foi baleada pelo marido numa rua de Barcelos, com dois disparos na cabeça, e acabou por morrer no Hospital de Braga no dia seguinte. O homicida suicidou-se após o crime numa rua próxima. A mulher tinha apresentado, em 23 de março, uma queixa por violência doméstica.
11.03
Lucília Brandão, 55 anos. Foi esfaqueada e estrangulada no lugar de Penela, Arcos de Valdevez pelo ex-companheiro, Leandro, de 38 anos, que não aceitou a separação após dez anos juntos, e ainda menos o namorado que julgava existir. O operário madeireiro pediu dispensa de trabalhar na tarde dessa sexta-feira, para tratar de assuntos particulares, relatam os jornais locais, e dirigiu-se a casa de ‘Cila’ com duas facas. Foi o agressor que chamou os meios de socorro mas já não havia nada a fazer.
28.02
Silvana Moraes, 35 anos. Morta a tiro pelo marido, de 53 anos, que se suicidou de seguida. Os corpos do casal, de nacionalidade brasileira, foram encontrados na moradia de luxo onde residiam, em Murches, Cascais. O alerta foi dado por amigos e vizinhos que estranharam não os ver há alguns dias e pediram para arrombar a porta: a mulher estava no sofá, o homem no chão. Paulo Costa, empresário do ramo automóvel, de 55 anos, devia mais de 300 mil euros a pessoas e empresas, e estava insolvente.
25.02
Sandra Rocha, 31 anos. Foi encontrada sem vida, nua, enrolada num edredão, num monte em Rio de Moinhos, Penafiel. A investigação da Polícia Judiciária permitiu reconstruir o crime e chegar ao homicida, o companheiro, Daniel Ferre, espanhol, de 41 anos, com quem a vítima já vivia há vários anos, desde que imigrara para o país vizinho. Encontravam-se em Portugal porque o homicida tinha sido condenado em Espanha por violência doméstica contra Sandra, que perdeu um bebé devido às agressões. Perdoou-o e para evitar que fosse detido regressou com ele à terra. Porém, os episódios de violência doméstica repetiram-se, ao ponto de Sandra ficar com várias costelas partidas, ser arrastada na rua e ser dopada com medicação excessiva para não conseguir fugir. Terá sido morta por asfixia e escondida durante três dias na casa que partilhava com Daniel, detido um mês depois do crime, acusado de homicídio qualificado e profanação de cadáver. Está em prisão preventiva.
27.01
Alda Guterres, 49 anos. Morta com dois tiros de caçadeira pelo marido, que se suicidou em seguida, com a mesma arma. O crime ocorreu nas vinhas da herdade do Hotel Club de Azeitão, em Setúbal, onde o casal trabalhava como caseiro. Foi o neto, de 14 anos, que encontrou os corpos. As discussões eram frequentes mas não se conheciam queixas às autoridades. Alda tencionava separar-se do marido e ir viver para a Bélgica.
03.01
Elsa Luz, 44 anos. Morta a tiro, em Beja, pelo companheiro, na casa onde ambos viviam. Fábio Cavaco, de 35 anos, foi detido pela PJ e ficou em prisão preventiva. A Polícia Judiciária relata a existência prévia de “uma relação conturbada, com frequentes roturas, pautada por episódios de violência". O agressor, que aguarda julgamento no Estabelecimento Prisional de Beja, já tinha cumprido pena pelo crime de violência doméstica, cometido contra outra mulher numa anterior relação. Elsa tinha dois filhos, de 24 e 12 anos.
A violência doméstica é crime. Se é vítima ou conhece quem seja, peça ajuda. Envie SMS para 3060 ou ligue 800202148