Sociedade

Operação Marquês: juíza já marcou o interrogatório a José Sócrates por causa das viagens ao Brasil

Margarida Alves quer ouvir José Sócrates no dia 30 de junho no Juízo Criminal de Lisboa. Em causa está uma possível alteração das medidas de coação por causa das viagens ao Brasil que não foram comunicadas ao tribunal. A defesa do ex-primeiro-ministro garante não ter sido ainda notificada e alega que o ex-governante não está sujeito a qualquer medida de coação

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José Sócrates vai ser ouvido no dia 30 de junho sobre as viagens que fez ao Brasil e não comunicou ao tribunal apesar de estar sujeito ao Termo de Identidade e Residência, e de estar obrigado a comunicar à Justiça qualquer deslocação da morada habitual superior a cinco dias.

Este interrogatório, segundo a Visão, foi proposto pelo Ministério Público que poderá pedir um agravamento das medidas de coação que impeçam, por exemplo, as viagens ao Brasil onde José Sócrates está a tirar um doutoramento numa universidade em São Paulo.

O interrogatório foi marcado por Margarida Alves que já pediu transferência para outro coletivo de juízes, mas que até setembro continuará com o caso. Na sessão, estará presente o Ministério Público e José Sócrates.

"Não fomos notificados de nada", garante Pedro Delille. "Mas vamos reagir. Porque neste processo, José Sócrates nem sequer é, e nem pode ser arguido". Porquê? "Porque a pronúncia ainda não transitou em julgado por decisão da própria Juíza , diz o advogado do ex-primeiro-ministro. "Sócrates não tem TIR neste processo nem em nenhum processo".

Ainda assim, para o advogado "a única consequência da não comunicação de uma deslocação é que terá sempre de se considerar notificado na morada que deu para o efeito. Não somos um estado policial".

Numa entrevista que deu à SIC, José Sócrates alegou que a juíza nunca lhe aplicou qualquer medida de coação no processo que sobrou da Operação Marquês e em que foi pronunciado por seis crimes; e que na Operação Marquês as medidas de coação se extinguiram com a decisão de Ivo Rosa de não o pronunciar pelos crimes que constavam da acusação.

O julgamento dos seis crimes - três de falsificação e três de branqueamento de capitais - está suspenso à espera que o Tribunal da Relação de Lisboa se pronuncie sobre as supostas ilegalidades que tanto José Sócrates como o Ministério Público alegam que foram cometidas por Ivo Rosa ao transformar a acusação num processo totalmente novo.

Ainda segundo a Visão, Sócrates viajou pela primeira vez para o Brasil em agosto de 2021, e ali permaneceu cerda de duas semanas. A 5 de fevereiro deste ano, o antigo primeiro-ministro voou para São Paulo, mas a Interpol não tem registo da data de regresso. Ao tribunal foi comunicada uma nova saída, a 4 de abril, e o regresso a 12 de junho.

Na entrevista à SIC, Sócrates garantiu que teria dado todas as explicações ao Tribunal se lhas tivessem pedido com "bons modos".