Sociedade

Identidade de testemunhas de assédio na Faculdade de Direito de Lisboa revelada através do WhatsApp

Sem a distorção de voz é possível reconhecer os entrevistados, entre os quais estarão um docente, um funcionário e vários estudantes. Direção da Faculdade diz que está a "avaliar o caso".

tiago miranda

Áudios e entrevistas a canais de televisão de testemunhos de assédio na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL), sob anonimato e com a voz distorcida, estão a ser partilhados no WhatsApp sem esse tratamento, o que permite reconhecer os entrevistados, segundo escreve o “Diário de Notícias” nesta sexta-feira.

A identificação dos entrevistados está a ser partilhada, nomeadamente os nomes e respetivas posições, e entre eles estão, alegadamente, um docente, um funcionário e vários estudantes, de acordo com o jornal.

O professor Miguel Lemos, que impulsionou o combate ao assédio na FDUL ao propor um mecanismo de queixa específico que resultou em 50 queixas “validadas” em onze dias e a quem foi instaurado um processo disciplinar por ordem do reitor da Universidade, expressou a sua indignação no Twitter.

O docente propõe a criação, de “forma urgente”, de um “estatuto de whistleblower” para os alunos que “deram entrevistas e que viram a sua identidade revelada”. “Importa garantir que não sejam prejudicados na sua progressão académica”, acrescenta.

Contactada pelo “Diário de Notícias”, a direção de informação da RTP indicou estar “já a analisar e a aplicar formas alternativas aos meios tradicionais de proteção das fontes que permitam o exercício pleno e sem constrangimentos da atividade jornalística”. A TVI considerou a situação “de extrema gravidade” e vai “participar criminalmente contra os autores de tais práticas”.

Já a direção da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa diz por agora que "tomou conhecimento da situação relatada através da notícia publicada hoje no Diário de Notícias" e que "está a avaliar o caso".