Num inquérito a estudantes lançado no ano letivo de 2014/ 2015 pelo Conselho Pedagógico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) dezenas de alunos reportaram situações de assédio, sobretudo moral, mas também de cariz sexual, perpetrados por professores da instituição. De acordo com um docente que participava então naquele órgão, as queixas foram reproduzidas num relatório sobre os resultados do inquérito — que contou com cerca de 1200 respostas —, mas não deram origem a qualquer investigação. A conclusão deste ‘processo’ coincidiu com eleições e uma mudança na direção da FDUL e as queixas nunca chegaram a ser investigadas.
Naqueles inquéritos pedia-se aos estudantes que avaliassem o desempenho pedagógico dos professores de cada disciplina e turma, nomeadamente sobre o cumprimento do programa, a capacidade explicativa da matéria ou a assiduidade. O formulário anónimo continha também uma caixa de comentários onde os alunos podiam deixar outras observações sobre a conduta dos docentes — e foi aí que surgiram “sistematicamente” relatos de assédio moral, como situações de humilhação, intimidação e perseguição, e alguns casos de assédio sexual, conta ao Expresso o mesmo responsável. Mas, apesar de os professores visados estarem devidamente identificados, nada foi feito.