A Comunidade Judaica do Porto reagiu de imediato à detenção do seu líder religioso, Daniel Litvak, pela Polícia Judiciária, por suspeitas de crime na atribuição da nacionalidade ao milionário russo Roman Abramovich. “Toda a atividade da comunidade passa por bancos e não há qualquer possibilidade de desvio de fundos a favor de quem quer que seja. A vice-presidente e o tesoureiro controlam integralmente esta parte”, garantem numa nota enviada ao Expresso.
De acordo com esta fonte, existe um processo no DCIAP, iniciado este ano, baseado em denúncias anónimas sobre o processo de certificação de Patrick Drh (Drahi), que se supõe certificado pela Comunidade judaica de Lisboa, "conforme há muito foi tornado público" e o processo de certificação de Roman Abramovich, certificado pela Comunidade judaica do Porto e que se encontra "em processo de averiguações" na PGR.
Este processo de Roman Abramovich foi certificado pelo rabino-chefe, Daniel Litvak, em 16 de julho de 2020 "de acordo com os critérios legais" e a "direção teve conhecimento do caso em 10 de agosto do mesmo ano".
A Comunidade Judaica do Porto repudia as suspeitas de um suposto esquema organizado por vários indivíduos daquela comunidade em que o rabino-chefe atestaria falsamente a qualidade de judeus sefarditas. "O rabino tutela o departamento de sefardismo com base em critérios plasmados na página oficial, por deliberação da Direção da CIP/CJP, por unanimidade, em 2015, e em respeito pelo artigo 24.º-A do Regulamento da Nacionalidade. Tais critérios foram aceites pelos sucessivos Governos."
E garantem que Daniel Litvak possui conhecimentos e competências para liderar este processo. "Como não? É a autoridade religiosa da Comunidade, sexagenário, reconhecido pelo Grão-Rabinato de Israel, possuindo grande conhecimento do mundo judaico e do idioma hebraico, conhecendo listas de apelidos, recebendo certificações rabínicas da origem dos requerentes, etc."
Lembram ainda que entre 2015 e 2022, período de vigência da lei, "todos os relatórios de contas, pareceres do Conselho Fiscal e relatórios de atividades foram divulgados e votados nas Assembleias Gerais anuais" da comunidade. "O Conselho Fiscal possui mesmo uma equipa autónoma de contabilistas e as receitas da Comunidade servem os seus fins estatutários."