Sociedade

“Tome-se uma decisão - e em 2022.” Marcelo sobre o novo aeroporto de Lisboa

"É bom que os que concorrem às eleições e se propõem governar o país clarifiquem a sua posição sobre a TAP", disse o Presidente da República no congresso da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo, que começou esta quarta-feira em Aveiro. Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o facto de haver eleições para um novo Governo não irá afetar as previsões de crescimento económico e do turismo em Portugal em 2022

PAULO NOVAIS

"A parte benéfica de haver uma crise política e de Portugal ter um novo Governo numa fase crítica de recuperação da economia com a pandemia é que permite aos concorrentes uma clarificação sobre matérias relevantes para o turismo, como o novo aeroporto ou a manutenção da TAP", defendeu o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no congresso da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que começou esta quarta-feira em Aveiro e decorre até 3 de dezembro.

"Um aspeto positivo de haver eleições é que é uma oportunidade de os concorrentes clarificarem a sua posição sobre estas matérias ", salientou Marcelo.

"É bom que os que concorrem às eleições e se propõem governar o país clarifiquem a sua posição sobre a TAP", reiterou o Presidente, defendendo que o mesmo se aplica ao projeto que considera uma "aposta nacional", o novo aeroporto em Lisboa. "Tome-se uma decisão, e em 2022", exortou.

O Presidente da República considerou que é fundamental os concorrentes ao novo Governo assumirem uma posição sobre a TAP, "para não haver mais angústias metafísicas" sobre se a companhia se deverá ou não manter, mas advertiu que para "sonhar com um hub forte em Portugal não há outra alternativa mirífica ou uma solução que venha de galáxia diferentes que decorresse da extinção da TAP".

Marcelo frisou ainda que pensar que "se pode substituir facilmente o papel da TAP num país da diáspora é esperar o impossível".

O facto de Portugal não ter ainda um Orçamento do Estado aprovado não deverá afetar o crescimento económico previsto no país, salientou também o Presidente da República, adiantando ter a convicção que, com o próximo Governo, a viabilização orçamental será "suficientemente rápida" para permitir, antes do segundo semestre de 2022, se verem resultados a nível do "processo de crescimento económico ".

Marcelo garantiu que "o processo de abertura" é para "continuar" e que o caminho do país não será o fecho da economia, mas o reforço da vacinação.

"A decisão mais difícil que tive de tomar foi a declaração do estado de emergência. É mil vezes mais complexo do que dissolver a Assembleia da República ", sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa no congresso da APAVT.

Agências de viagens frisam que os apoios até à Páscoa vão ser essenciais

Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, enfatizou a necessidade de assegurar "uma solução aeroportuária " em Portugal, o que passa por lutar pela "manutenção do hub em Lisboa" e o apoio à sobrevivência da TAP. "O país vai precisar das suas companhias aéreas ", salientou.

O responsável da associação das agências de viagens apelou ainda, nesta fase da pandemia, à manutenção de um "quadro coerente de apoios que permita às empresas aguentar até à Páscoa e as proteja num momento crítico de recuperação".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, esta reivindicação de apoios de um sector tão relevante para a economia nacional é "evidente ", de modo a "criar condições para que, até março, esta transição para o sector não seja traumática ".

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, disse que o próximo Governo deveria ter "a coragem de baixar a carga fiscal, como faz a Irlanda, e que aproveite bem os fundos europeus disponíveis ".

"Vamos ter 50 mil milhões de euros, não podemos perder estes fundos, são provavelmente os últimos que vamos ter", sublinhou o presidente da CTP, sublinhando ainda a necessidade urgente de o novo Governo tomar uma decisão rápida sobre o novo aeroporto de Lisboa, que será necessário para a recuperação do turismo no pós-covid. "Não é aceitável que a principal estrutura aeroportuária do país esteja há 50 anos por decidir", concluiu o presidente da confederação do turismo.