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Joana recusa-se a abdicar de ser mãe. Mas o que acaba de acontecer no Parlamento pode mudar a sua vida - e a de outras Joanas

Com um histórico de dois chumbos do Tribunal Constitucional, desde 2019 que não havia avanços na lei da gestação de substituição, que permitirá a mulheres com limitações de saúde recorrerem a outra mulher para terem um filho. Esta terça-feira, uma alteração à lei foi aprovada na especialidade de saúde e, tudo indica, será votada em plenário na próxima sexta-feira. Deputados acreditam que a nova proposta “resolve todos os problemas de inconstitucionalidade”

ilustração tiago pereira santos

Não foi logo cedo que nascer sem útero a pôs em confronto com a impossibilidade de uma gravidez. Mas aos 28 anos Joana já tinha arranjado alguém. Começou a sentir “aquele chamamento da maternidade”.

Sabia que o processo para ter um filho, no seu caso, “ia ser muito diferente do das outras mulheres”. A síndrome Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser fê-la crescer sem canal vaginal e sem útero. Logo que descobriu esta condição, aos 17 anos, a principal preocupação passou pela reconstrução do canal vaginal através de cirurgia. Rápido haveria de surgir outra desilusão: ainda não há solução para colocar um útero numa mulher.