E à data marcada mais de 100 mestrados integrados ficaram com os dias contados. Com o início novo ano letivo regressa a antiga fronteira entre licenciaturas e mestrados, que deverão funcionar como graus de ensino independentes. Perante a inevitabilidade da decisão tomada em decreto-lei proposto pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), as maiores faculdades optaram por reformular currículos, e abrir a possibilidade alunos de engenharia fazerem uma ou duas disciplinas lecionadas em cursos de Letras, Direito, Sociologia ou Psicologia – e vice-versa. As semelhanças com o ensino universitário americano são notórias, mas antes de alcançarem esse objetivo as diferentes faculdades terão de mostrar que têm mesmo capacidade para superar a turbulência que se avizinha com estudantes que têm cadeiras em atraso.
“Temos de ter cuidado. Haverá alunos para quem esta mudança é fácil, mas os alunos com cadeiras atrasadas podem ser obrigados a frequentar simultaneamente aulas de licenciatura e mestrado. E vamos ter cuidado com o facto de haver disciplinas que aparecem e outras que desaparecem [com a passagem dos mestrados integrados para cursos divididos entre licenciatura e mestrado]”, refere João Falcão e Cunha, diretor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
Nas maiores faculdades de Engenharia, o ano letivo de 2021-2022 foi aproveitado para expandir conhecimentos para lá da fronteira dos estereótipos atribuídos aos engenhocas ou aos geeks. Falcão e Cunha não esconde o entusiasmo, mas admite que a transição acarreta os seus riscos e que muitos professores da instituição que lidera “não concordam com as alterações” relacionadas com o fim dos mestrados integrados.