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Sociedade

Receita para o fim da crise global de solidão, tão prejudicial para a nossa saúde como fumar 15 cigarros por dia

As redes sociais têm de ser limitadas. As suas incessantes notificações são sinónimo de uma desconexão cada vez maior daqueles que nos rodeiam fisicamente — e uma exposição cada vez maior ao vitríolo e ao abuso, agravando o quão sós nos sentimos. Um ensaio de Noreena Hertz, economista e autora de “O Século da Solidão — Como restaurar as ligações humanas”

“Interior in Strandgade, Sunlight on the Floor”, de 1901, obra do pintor dinamarquês Vilhelm Hammershoi (coleção do Statens Museum for Kunst, de Copenhaga)
Fine Art Images/Heritage Images/Getty Images

Noreena Hertz

Estamos no meio de uma crise global de solidão que nos atingiu muito antes do “distanciamento social” ter entrado no nosso vernáculo e os nossos sorrisos terem sido escondidos por máscaras. De acordo com um estudo de 2019, um em cada cinco millennials nos Estados Unidos diz não ter amigos. Sessenta por cento dos residentes em casas de repouso nos Estados Unidos não têm visitantes. No Japão, as pessoas com mais de 65 anos cometem crimes rotineiramente para evitarem o isolamento social vivendo na prisão. O problema é tão grave que, em 2018, o Reino Unido nomeou o seu primeiro ministro da solidão.

Este é o século mais solitário que a Humanidade já conheceu, mas não surgiu de um dia para o outro. Os nossos smartphones e, em particular, as redes sociais desempenharam um papel fundamental. Bem como a migração em larga escala para as cidades. O aumento de uma economia gig deixou muitos trabalhadores sem um sentimento de comunidade no local de trabalho e mudanças fundamentais na forma como vivemos.