“Costumo abanar a cabeça para a frente e para trás repetidamente; piscar o olho esquerdo; contrair o músculo do braço esquerdo; ao andar, abrir a perna um bocadinho para o lado. E depois reviro os olhos, que é mais raro, mas acontece. Mais raramente, repito várias vezes 'ah'.” Estes são alguns dos tiques que acompanham Cláudio Silva, de 16 anos, desde criança. O jovem a quem foi diagnosticado Síndrome de Tourette aos 6 anos, um ano depois de os movimentos involuntários - como saltar no sofá - terem começado. A demora em obter um diagnóstico deveu-se ao facto de ser necessário que os tiques se prolonguem pelo menos durante um ano.
“É uma doença que aparece predominantemente na infância e caracteriza-se pelo aparecimento e manutenção de tiques diversos, quer sejam motores mais simples, até complexos, em conjunção com tiques fónicos. Devem persistir ao longo do tempo, habitualmente com algumas oscilações na sua apresentação” explica Ana Isabel Araújo, médica interna de Psiquiatria no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).