Sociedade

Covid-19. MP já abriu 33 inquéritos-crime às vacinações irregulares. Há três autarcas implicados

No espaço de três semanas subiram de nove para 33 os casos investigados pelo Ministério Público em todo o país

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O Ministério Público já abriu 33 inquéritos-crime no que respeita a irregularidades relacionadas com o plano de vacinação da Covid-19.

De acordo com dados enviados pela Procuradoria-Geral da República, foram abertos sete inquéritos na área da Procuradoria-Geral Regional de Lisboa, oito na área da Procuradoria-Geral Regional do Porto, dez na área da Procuradoria-Geral Regional de Coimbra e oito na área da Procuradoria-Geral Regional de Évora.

"Esclarece-se que, para além de situações anteriormente confirmadas, foram, designadamente, instaurados inquéritos relativamente a factos noticiados relativos a instituições particulares de solidariedade social de Castelo Branco, Farminhão, Resende e Trancoso ou relacionados com a vacinação de responsáveis autárquicos de Lisboa, Portimão e Reguengos de Monsaraz", refere a PGR.

Um dos casos recentes de vacinação indevida envolveu o vereador da autarquia de Lisboa Carlos Manuel Castro. De acordo com a revista "Sábado" que deu conta que entre as doses de vacinas que sobraram da administração nos lares, 26 foram "administradas a elementos das equipas envolvidas diretamente na operação de inoculação dos lares", incluindo o próprio vereador, e as restantes, uma centena, foram administradas a 56 bombeiros voluntários e o comandante e subcomandante do Regimento de Sapadores Bombeiros e 42 elementos da Polícia Municipal.

Na sequência da notícia, Carlos Manuel Castro demitiu-se do cargo.

Há três semanas, a PGR indicava que tinha aberto nove investigações respeitantes à Segurança Social de Setúbal, ao INEM de Lisboa, ao INEM do Porto e a factos também noticiados ocorridos em Portimão (Centro de Apoio de Idosos), Vila Nova de Famalicão, Arcos de Valdevez, Bragança, Seixal e Montijo.

Um desses casos iniciais mais mediáticos foi do diretor regional do INEM no Norte que assumiu que tinha autorizado a vacinação de 11 funcionários de uma pastelaria próxima, tendo rejeitado que se tratasse de favorecimento, mas sim para evitar o desperdício das doses de vacina. Segundo a sua versão, havia mais 11 vacinas preparadas para o pessoal do INEM do que o que se veio a verificar ser necessário e a alternativa ao que determinou seria o desperdício. O responsável acabou por pedir a demissão.