Condenado em França, em 2015, a três anos de prisão por abuso de confiança e branqueamento de capitais no caso que ficou conhecido como o Affaire Bettencourt, Patrice de Maistre, de 71 anos, é um dos donos do novo semanário “Sol”, que está em vias de ser lançado em Portugal. Maistre ficou conhecido em França quando, em 2010, foram tornadas públicas conversas que o administrador financeiro de Liliane Bettencourt, dona do império L’Óreal e, à época, a mulher mais rica do mundo, manteve com ela. As gravações que deram origem ao escândalo incluíram também conversas com o ministro do Trabalho do governo do partido do então presidente Nicolas Sarkozy, dando a entender que Bettencourt teria beneficiado de um tratamento especial em França, depois de ter fugido aos impostos, acumulando milhões de euros em bancos na Suíça, a troco de contribuições dadas para campanhas eleitorais.
Em Portugal, Patrice de Maistre é o único acionista de uma companhia chamada La Financière des Vosges (LVG — Des Vosgues, Lda), com sede em Lisboa e que tem como diretor executivo um dos seus filhos, Stanislas de Maistre. A LVG foi uma das empresas que entraram há duas semanas como acionistas da Lapanews, uma sociedade criada por Rui Teixeira Santos e João Botelho para lançarem um novo semanário em Portugal, o “Sol”, depois de este título ter sido adquirido à Pineview, companhia offshore do antigo presidente do BES Angola, Álvaro Sobrinho, obrigando o jornal que usava até pouco tempo esse nome a ter de mudar para uma versão ligeiramente diferente: “Nascer do Sol”.