São 9750 as primeiras doses da vacina pandémica que vão chegar a Portugal. A Pfizer faz a entrega no dia 26 e a administração avança no dia seguinte para os profissionais de saúde na linha da frente da prestação de cuidados aos infetados. A informação foi revelada ao final da manhã desta quinta-feira pela ministra da Saúde, Marta Temido. A governante justificou a prioridade dada aos profissionais de Saúde com a necessidade de “ajudar quem nos pode proteger”. “A mensagem é começar por cuidar de quem também cuidou de nós. Estamos [neste momento] a identificar os profissionais de saúde mais sujeitos ao risco de contrair a doença”, adiantou ainda.
Os Estados-membros da União Europeia tiveram luz verde para avançar com a inoculação contra a covid-19 entre os dias 27 e 29: as vacinas chegarão a tempo, mas num número de doses abaixo do previsto. No caso de Portugal, a partir de 4 de janeiro deverão chegar mais cerca de 300 mil doses para continuar a proteção do primeiro grupo de risco: desde logo, doentes com insuficiência cardíaca, respiratória e renal. Estarão também abrangidos os profissionais de estruturas residenciais para idosos, outros profissionais de saúde, os residentes destas estruturas para idosos e, depois, “as pessoas com mais de 50 anos e que reúnem uma ou mais de várias patologias”, adiantou Temido.
A ministra da Saúde sublinhou que este processo será “exigente” e está a ser delineado com “todo o cuidado e rigor”. “Será um processo que correrá bem e que contará com o envolvimento dos portugueses, que podem ter confiança na sua vacinação”, afirmou. A confiança de Temido estendeu-se aos profissionais de saúde do SNS, nomeadamente dos centros de saúde, que serão responsáveis por executar a vacinação - pelo menos numa primeira fase: “Em termos de número de profissionais disponíveis para a vacinação estamos certamente nas melhores mãos”, garantiu. Além disso, a responsável política assegurou que todos os materiais necessários para o ato - o “kit de vacinação” - estão identificados e disponíveis. O reforço desse material também está em andamento e a cargo dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).
Questionada sobre o porquê de as farmácias comunitárias não estarem, para já, envolvidas no processo, Marta Temido lembrou que esse é o caso na maioria dos países da União Europeia, e apontou que isso poderá acontecer depois da primeira fase - até porque neste momento se está a “gerir um processo que tem escassez de quantidades”. Temido recusou-se a comentar as declarações de Francisco Ramos, coordenador da taskforce para a covid-19, que disse que as farmácias criaram falsas expectativas na população sobre o processo de vacinação da gripe.
Os jornalistas perguntaram também a Marta Temido sobre a não inclusão das Forças Armadas na distribuição das vacinas: a ministra lembrou que estas “operações [são] sofisticadas” e que implicam “características técnicas próprias”. Por isso, serão contratados transportadores próprios para executar o serviço. No entanto, as forças de segurança terão um papel de “apoio” nestes momentos, para garantir que não há “qualquer intercorrência” que possa pôr em causa o próprio processo de vacinação.
Quanto às possíveis reações alérgicas de determinadas pessoas à vacina, Temido disse: “Podem acontecer como em qualquer outro medicamento. A preocupação é a de criar mecanismos adequadas para registar [essas reações], e antes de a administração da vacina o profissional de saúde recolher a informação da pessoa que vai ser vacinada, para o processo acontecer em segurança.” Além disso, o Governo irá disponibilizar brevemente - até final deste domingo no máximo - um “Manual de Vacinação” com um “conjunto de instruções para quem vai vacinar e para o sector da saúde no geral”, adiantou Temido.
Um site institucional com informação sobre as vacinas para a população também “está a ser tratado e acautelado.” Linhas de contacto telefónico para esclarecimento de dúvidas também serão criadas: “O SPMS está a desenvolver mecanismos de contacto com os cidadãos para facilitar o processo. Nos primeiros dias do mês de janeiro estimamos que esses instrumentos estejam disponíveis”, finalizou Temido.
Tal como Portugal, também todos os outros países da União Europeia iniciarão o processo de vacinação entre os dias 27 e 29 deste mês, anunciou esta quinta-feira a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. Numa mensagem publicada no Twitter, a responsável escreveu: “Este é o momento da Europa. #Juntos somos fortes”.
A decisão da Agência Europeia do Medicamento sobre a vacina da Pfizer/BionTech deverá ser anunciada a 23 de dezembro. Também esta quinta-feira, a União Europeia anunciou a celebração de mais um contrato para a aquisição de mais vacinas, desta vez com a Novavax. É o sétimo acordo que a União Europeia conclui para o fornecimento de vacinas contra a covid-19.