As bicicletas velhas que estavam no fundo das arrecadações e garagens começaram a aparecer em catadupa nas cicloficinas em vários pontos do país logo nas duas primeiras semanas de maio. Os donos pediam pequenos milagres para as pôr novamente a circular. Com a venda de bicicletas online a disparar em abril, as lojas estavam a ficar vazias e as pesquisas por bicicletas em segunda mão no OLX duplicaram num mês, saltando para o topo das palavras mais procuradas, acima de ‘piscina’ ou ‘autocaravana’. Sem mãos a medir para dar resposta a todos os arranjos até setembro, algumas cicloficinas já decidiram nem fechar para férias.
“O pico de trabalho só acontecia em maio, quando as pessoas querem arranjar as bicicletas antes das férias. Este ano é inédito”, conta Rosa Félix, membro da Cicloficina dos Anjos e investigadora em mobilidade ciclável no Instituto Superior Técnico (IST). “As bicicletas novas estão esgotadas nas lojas. E, sem dúvida, este nível de procura poderá manter-se para setembro, com o regresso às aulas, que é uma altura em que as pessoas testam mudanças de hábitos e há um pico de utilização de bicicletas. Acredito que este ano possa ser maior.”