Cada um dos quatro inspectores do Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT) tem a função de fiscalizar 811 quilómetros de linha e 1.100 comboios do sector em Portugal. As contas são do Correio da Manhã, que aponta que a rede ferroviária nacional tem 3.244 quilómetros e 4.441 composições.
Estes quatro técnicos têm a responsabilidade sobre comboios, mas também sobre metropolitanos, eléctricos e teleféricos, entre outros. A falta de recursos humanos na área da fiscalização, diz o CM, está identificada em pelo menos dois relatórios do IMT. Um documento do ano passado diz que “em 2018 não foi possível realizar qualquer auditoria” aos sistemas de gestão e segurança das empresas ferroviárias, incluindo a CP e a Fertagus.
O IMT está a pedir um reforço dos recursos humanos pelo menos desde 2014. O CM lembra que Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes durante o Governo de Passos Coelho, autorizou a contratação de 100 profissionais, mas esse despacho foi anulado por Pedro Marques, Ministro do Planeamento e das Infraestruturas do Governo seguinte.
Em 2017, o IMT registou 37 acidentes ferroviários, que resultaram em 18 mortes, e 187 situações de perigo, 14 das quais estão relacionadas com a passagem de um sinal vermelho. A Polícia Judiciária está a investigar o acidente com o Alfa Pendular em Soure que provocou duas mortes na passada sexta-feira, e o Ministério Público já anunciou a abertura de um inquérito.