Sociedade

DGS lança formulário para investigadores terem acesso a dados de casos de covid

Cientistas já estão a pedir acesso aos dados anonimizados de casos confirmados de covid. DGS pede resumo do projeto de investigação em que estão a trabalhar

Há quase um mês, a comunidade científica começou a pedir à Direção-Geral da Saúde e ao Ministério da Saúde acesso a dados sobre a covid-19 em Portugal, para poderem contribuir na sua análise. O Governo deu a garantia de que os dados seriam disponibilizados aos cientistas e, após os repetidos apelos da comunidade científica, a DGS criou, na sexta-feira, um formulário dirigido a investigadores e cientistas que queiram pedir acesso aos dados.

“No âmbito da atual pandemia, a Direção-Geral da Saúde disponibiliza, de forma célere, os dados anonimizados dos casos confirmados COVID-19 notificados através do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), componente médica, para fins de investigação”, lê-se no formulário, pedindo identificação do investigador, contacto e resumo do projeto de investigação em causa.

Vários investigadores já preencheram o formulário, sendo-lhes pedidas 72 horas para disponibilização dos dados. A DGS assegura que os dados serão atualizados “retrospetivamente com uma periodicidade semanal”. Entre os dados que estarão disponíveis aos cientistas estará a idade, género, data de hospitalização (se tiver ocorrido), problemas de saúde anteriores ou se a pessoa necessitou ou não de cuidados intensivos.

Ao longo do último mês, além da carta dirigida por investigadores e diretores das escolas médicas da Universidade do Minho e do Porto, também o Conselho das Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) apelou à divulgação dos dados.

Na última semana, numa carta aberta enviada à DGS, várias organizações, como a Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, a Associação Portuguesa de Ciência de Dados para o Bem Social ou o Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde da Universidade do Porto, pediam uma melhor estratégia de dados no combate à pandemia.

Além de apelarem ao acesso a estes dados da DGS, apontavam outros problemas, como a disponibilização dos boletins diários em PDF, “cuja extração de dados não é trivial”; as mudanças no formato do boletim “em termos de aspeto e estrutura, o que dificulta abordagens mais avançadas para extracção automática de dados” e as alterações nos indicadores clínicos disponibilizados, seja pela “adição de indicadores, remoção de indicadores, alteração das grandezas utilizadas, o que causa incertezas no planeamento de potenciais análises e projetos científicos”.