Alexandra descansa, por fim. Está em casa. Respira sem peso, aliviada. Por eles. Por ela. Por ele. Eles são os utentes do lar que dirige, a Residência Pratinha em Vila Nova de Famalicão. Os 33 idosos foram esta semana transferidos para o Hospital Militar do Porto, depois de oito funcionárias terem testado positivo à covid-19 e entrarem em quarentena obrigatória em casa. Numa instituição pequena e já no limite mínimo de pessoal, restaram três cuidadoras: ela, a proprietária e uma enfermeira. Aguentaram três dias sem ajuda, até que o cansaço dos turnos contínuos lhes subiu às goelas. Foi Alexandra quem se pôs em frente de uma câmara a gritar ajuda. Mas havia mais do que desespero na voz. Havia medo. Não por ela, mas por ele, o primeiro filho que lhe cresce na barriga.
“Não foi determinada a origem do contágio mas depois dos oito casos, mesmo com o acompanhamento da autoridade de saúde também ninguém foi testado. Estivemos lá de quinta a domingo sem saber quem era ou não era positivo, a alimentá-los, a fazer-lhes a higiene, a trocar fraldas, a vesti-los, a apoiá-los no andar. Nem sabíamos quem podia estar a contaminar quem. Nós a eles, eles a nós. Não sei dizer quantas vezes por dia lhes mediamos a temperatura. E a cada vez, quase que me faltava o ar, de pavor pela ânsia do resultado”, conta.
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