Sociedade

Diretora-geral da Saúde: encerramento de escolas vai ser analisado caso a caso

“Não podemos estar antecipadamente a criar medidas desproporcionais, temos de as fazer de acordo com o risco e de acordo com o que é a avaliação feita pelas autoridades de saúde”

Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, falou esta noite aos jornalistas sobre o eventual encerramento das escolas e sobre os casos identificados no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

"O parecer do Conselho [Nacional de Saúde Pública] vai de encontro ao que é a atual realidade epidemiológica no nosso país e ao que devem ser as medidas de saúde pública", começou por dizer Graça Freitas. "Ou seja, não podemos estar antecipadamente a criar medidas desproporcionais, temos de as fazer de acordo com o risco e de acordo com o que é a avaliação feita pelas autoridades de saúde."

E continuou: "Neste momento, nesta fase, com esta realidade epidemiológica, o que o conselho recomenda ou considera é o que faz sentido: em cada local, em cada região, as autoridades de saúde analisarão a situação concreta e poderão determinar o encerramento de uma escola ou de parte de uma escola ou de várias escolas se assim se justificar."

A diretora-geral da Saúde explicou ainda que o encerramento das escolas levaria à obrigatoriedade de acompanhamento, por isso essas crianças ou jovens teriam de ficar com os pais ou com os avós. "Ficariam com os pais, ou com um deles, ou com os avós, que podem ter consequências piores dada a sua situação de fragilidade. Portanto, neste momento mantém-se a recomendação de encerrar escolas casuisticamente. Caso a caso, situação a situação, pelo tempo necessário para a situação fique controlada ao nível do risco e da transmissão. Essa é a maior evidência científica que temos com a situação epidemiológica que temos. Temos de viver com estas circunstâncias."

"A OMS tornou oficial uma circunstância epidemiológica que já sabíamos"

A diretora-geral da Saúde foi questionada ainda sobre a opção da Organização Mundial da Saúde decretar pandemia de Covid-19, o novo coronavírus oriundo de Wuhan, na China. "Já estávamos num estado de pandemia portanto foi a declaração formal. Num país em concreto a situação não mudou porque a OMS decretou que estamos em estado de pandemia. A OMS tornou oficial uma circunstância epidemiológica que já sabíamos: emergiu um novo vírus, esse vírus disseminou-se pelo continentes e vários países, que não estão todos na mesma fase da epidemia. A OMS limitou-se a formalizar uma situação que já existia e todos conhecem.

Graça Freitas comentou ainda os dois casos identificados esta quarta-feira no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que se tratavam de dois pacientes que já estavam internados há uns dias. "Porque foram diagnosticados agora? Devem-se ter apercebido que, de acordo com orientações internacionais, a definição de caso alterou-se. Portanto os hospitais cumpriram a definição de caso e foram pesquisar doentes que tinham internados com pneumonia e doença respiratória grave", foi respondendo a diretora-geral da Saúde, com a ministra da Saúde ao seu lado.

E acrescentou: “Sim, [apareceram depois de alterada a definição de caso], para permitir rastrear mais casos, para detetar mais casos ainda. Os hospitais foi ver os doentes internados que tivessem uma pneumonia atípica e não tivessem outra causa conhecida fizeram a pesquisa para Covid-19".

Quanto ao facto de não terem sido enviados para casa, Graça Freitas revelou que o hospital está a agir em conformidade. "Relativamente aos outros doentes e médicos e profissionais, obviamente está a ser aplicado o protocolo para contactos próximos, são feitos testes, as pessoas poderão ter de ficar em isolamento. A autoridade de saúde da região, juntamente com hospital e conselho de administração, avaliaram mais uma vez o risco e exposição, fizeram testes, aguardamos resultados, alguns já deram negativo. Estão a agir em conformidade. Temos de dizer que nós estamos perante uma epidemia que terá consequências nas nossas vidas, tem muitas coisas desconhecidas."