Sociedade

Igreja Católica une-se em torno de referendo à eutanásia

PSD discute esta semana moção que propõe referendo sobre a morte assistida. Igreja Católica posiciona-se: “não podemos permitir que alguns deputados queiram decidir por nós”, diz arcebispo de Braga. Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, contra “mentalidade suicida”

José Fernandes

A Igreja Católica está já a posicionar-se na discussão que chegou definitivamente ao PSD e que em breve deverá ser alargada ao país: a possibilidade de um referendo sobre a eutanásia. Este fim de semana, cita o jornal i, o tema entrou nas homilias com uma mensagem clara contra a morte assistida e a favor de uma consulta popular que abra o debate no país.

D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, foi taxativo, com um “não à eutanásia, não ao suicídio assistido”. “A pessoa deve ser sempre acompanhada por um ‘não’ rotundo a tudo aquilo que possa obviar à vida dessa pessoa”, afirmou na homilia dada na Casa de Saúde da Idanha, em Belas, concelho de Sintra, e citado pela Agência Ecclesia. ​D. Manuel Clemente defendeu uma “sociedade paliativa” contra uma “sociedade suicidária”.

A norte, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, defendeu que Portugal está “a viver um momento histórico” — “não podemos permitir que alguns deputados queiram decidir por nós”, defendeu, “quando não apresentaram o assunto da eutanásia nos seus programas eleitorais”. Citado pela mesma agência, o bispo falava numa missa num centro de acolhimento em Braga.

A ideia já tinha sido defendida na semana passada pelo bispo do Porto. Manuel Linda usou as redes sociais para dizer que “a vida humana nunca é referendável”, mas que é “mais deplorável seria se 150 ou 200 pessoas impusessem os seus critérios a largos milhões de cidadãos”.

O PSD aprovou no Congresso deste fim de semana uma moção que defende que a eutanásia deve ser referendada por iniciativa do PSD. O assunto não vai sair da agenda do partido, que o deverá discutir esta semana.