Uma estrela foi detetada a ser expelida do buraco negro que está no centro da Via Láctea a uma velocidade recorde de seis milhões de quilómetros por hora. A descoberta foi feita por um grupo de astrónomos e mostra que a viagem desta estrela super veloz está a ser dez vezes mais rápida que as de todas as outras. O astro em causa é conhecido por S5-HVS1 e o buraco negro é o Sagitário A, que se encontra bem no coração da nossa galáxia, a Via Láctea, e que tem uma massa mais de 6,5 mil milhões de vezes superior à do Sol (saiba mais sobre o Sagitário A aqui).
A estrela está a deslocar-se tão depressa — a cerca de 1.700 quilómetros por segundo — que dentro de 100 mil anos, nas previsões dos astrónomos, sairá mesmo da Via Láctea, passando a habitar o espaço intergalático. Parece muito, mas não é, como explica Gary Da Costa, um dos autores do estudo e professor da Australian National University (ANU), de Camberra, capital australiana. “Esta estrela está a viajar a uma velocidade recorde, dez vezes mais rápida que a maioria das estrelas da Via Láctea, incluindo o nosso Sol”, conta. “Em termos astronómicos, a estrela deixará a nossa galáxia em breve e provavelmente viajará eternamente pelo vazio do espaço intergalático.” Será, provavelmente, solitária.
Há trinta anos que se sabe que isto pode acontecer, mas é a primeira vez que o fenómeno é, de facto, observado e registado. O processo é conhecido por “Hills Mechanism”, por ter sido apresentado pelo estudioso Jack Hills, que descobriu que as estrelas são “atiradas” dos centros das galáxias a alta velocidade quando se dá a interação entre um sistema de estrelas binário — duas estrelas a orbitar o mesmo centro de massa — e o buraco negro no centro dessa galáxia (no caso, o Sagitário A no centro da Via Láctea). Quando uma dessas estrelas do sistema binário se aproxima demasiado do buraco negro, dá-se a expulsão.
O caso da S5-HVS1 confirma a teoria de Jack Hills. É também por isso que os investigadores se mostram entusiasmados com a descoberta, feita com um telescópio do observatório australiano ANU Siding Spring. “São notícias muito entusiasmantes, porque há muito que suspeitávamos que os buracos negros podiam expelir estrelas a velocidades muito elevadas. No entanto, nunca tínhamos tido uma associação inequívoca entre uma estrela tão rápida e um centro galático”, confessa Sergey Koposov, outro dos autores do estudo. Os investigadores envolvidos vêm de geografias tão diferentes quanto Austrália, Chile, Estados Unidos e Reino Unido.
A S5-HVS1 é a terceira estrela mais rápida alguma vez medida, sendo que as outras duas sofreram uma espécie de impulso provocado por supernovas, eventos astronómicos que provocam uma explosão. “Excluindo esses casos especiais”, conta Dougal Mackey, também professor da ANU e coautor do estudo, “esta estrela é de longe a mais rápida alguma vez observada”.
As conclusões podem ser conhecidas aqui.