Sociedade

Na Grécia também há um caso de Tancos

Ladrões roubaram mísseis anti-tanque, granadas e munições de uma base naval da ilha de Leros, junto à Turquia. Há militares suspeitos de conivência. Onde é que já ouvimos esta história?

Tancos foi assaltado na madrugada de 28 de junho de 2017
Nuno Botelho

A 11 de setembro, as autoridades gregas descobriram que uma boa parte do material de guerra de uma base naval situada na ilha de Leros, perto da Turquia, tinham desaparecido dos paióis. O roubo foi descoberto após um inventário de rotina do material bélico. O mais recente tinha sido realizado oito meses antes, no final de dezembro de 2018, um hiato temporal mais do que suficiente para os ladrões se livrarem do armamento e vendê-lo a terceiros.

O furto veio pôr a nu falhas graves de vigilância e causou bastante polémica na comunicação social grega, um pouco à imagem do que se sucedeu em Portugal após o furto de Tancos, realizado a 28 de junho de 2017.

Três militares gregos, que tinham a palavra-passe para aceder àquela área, estão sob suspeita por conivência com os assaltantes que foram retirando o armamento a conta-gotas desde o início do ano.

Entre o material furtado encontram-se mísseis anti-tanque, munições e granadas de mão. Uma lista com algumas semelhanças com o armamento furtado em Tancos e que depois foi colocado pela Polícia Judiciária Militar (PJM) e GNR de Loulé num baldio da Chamusca com a conivência de um dos assaltantes.

Na Grécia, as suspeitas da autoria crime são apontadas a um grupo terrorista de extrema-esquerda grego mas também a mercenários estrangeiros colocados em bases turcas. O primeiro ministro Kyriakos Mitsotakis sugeriu que se trata de um trabalho interno ou feito por grupos das forças especiais. O transporte do equipamento volumoso e pesado não seria fácil e exigiria conhecimento especializado.

Em Portugal, chegou-se a suspeitar também que o armamento poderia cair nas mãos de grupos terroristas. Tal nunca veio a acontecer, provavelmente porque os ladrões ficaram assustados com a repercussão que o caso acabou por ter na comunicação social. E com receio de não conseguir escoar o material.

Na Grécia, pelo menos por enquanto, não houve quedas de ministros nem de chefias do Exército.