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Expresso

Sociedade

O misterioso mapa do 25 de Abril

Numa folha de papel vegetal estão detalhados os percursos, nomes e contactos de quem alinhava na revolução. O mapa foi usado para preparar o Dia D, seguindo à risca o Plano de Operações de Otelo. Mas Otelo nunca o viu. E ninguém sabe quem o fez. Vai agora ser entregue à Torre do Tombo

Otelo Saraiva de Carvalho no primeiro dia que viu o mapa da Revolução
António Pedro Ferreira

Joana Pereira Bastos

José Pedro Castanheira

Raquel Moleiro

António Pedro Ferreira

Tiago Miranda

Joana Beleza

José Cedovim Pinto

Durante décadas, esteve perdido numa estante de livros na casa de António Marques Júnior, em Lisboa. Há três anos, a viúva do mais jovem dos membros do conselho da revolução, que faleceu em 2012, encontrou-o por mero acaso. “Andava à procura de um livro do Fidel Castro, em que este lhe fez uma extensa e calorosa dedicatória”, explica Luísa Marques Júnior. O livro fora oferecido pelo líder cubano no ‘verão quente’ de 1975, quando o ainda tenente integrou a comitiva do coronel Otelo Saraiva de Carvalho numa viagem a Cuba. “Percorri todas as estantes e armários do António, não encontrei o livro, mas em compensação saltou-me um envelope. No interior estava o mapa do 25 de Abril.”

Com a dimensão de 85x65cm, foi feito e anotado à mão numa folha de papel vegetal, destinada a ser justaposta num mapa das estradas de Portugal. Nela estão assinaladas, de Norte a Sul, todas as unidades — mais de 30 — que poderiam participar na revolução, com indicação do nome e contacto telefónico de oficiais que, em cada uma, alinhariam com o movimento dos capitães. Mesmo nos regimentos considerados inimigos, fiéis ao regime, estão identificados os militares favoráveis à causa e que seriam ativados em caso de necessidade.

A autoria do mapa não está assinalada, mas há pelo menos três caligrafias diferentes, o que sugere que foi sendo completado por um grupo restrito de pessoas, à medida que iam surgindo novas informações. Os itinerários a seguir pelas unidades foram desenhados a régua e hierarquizados em quatro níveis de importância (verde, amarelo, vermelho e laranja) e dois escalões de responsabilidade (do Posto de Comando, situado na Pontinha, ou dos próprios regimentos). Junto a cada rota estão marcadas as distâncias em quilómetros e em horas, exatamente como foram calculadas por Otelo para delinear o Plano de Operações, que ficou concluído dez dias antes da revolução. Por isso, a folha de papel vegetal será posterior a 15 de abril.

Otelo Saraiva de Carvalho na sua casa, em Oeiras, vê pela primeira vez o mapa do 25 de abril
TIAGO MIRANDA

“Este mapa foi construído a partir da minha ordem de operações, conhecendo quais eram as missões e quem ia intervir em cada uma das unidades. É muito interessante e está extremamente pormenorizado. Mas é a primeira vez que o estou a ver”, conta Otelo, debruçado sobre o documento, a tentar ler todas as letras miudinhas. “Há aqui um mistério bestial! Quem é que o terá feito? Eu não sei.”

E não é o único. Vasco Lourenço, um dos principais estrategos da revolução, também desconhece o autor. Mas tem uma certeza. “Foi sem dúvida elaborado antes de 25 de abril. Como lhe faltam informações e outras não se confirmaram, deve ser uma versão inicial, talvez desenhada mal foi entregue o plano de operações.” O título do mapa dá corpo a essa tese. No topo do documento lê-se “L.L.C. (fase I)” — possivelmente sigla para ‘Linhas de Ligação ao Comando’, admite o presidente da Associação 25 de Abril. Otelo concorda.

A viúva de António Marques Júnior só sabe como o documento chegou às mãos do marido. “O mapa estava no COPCON”, a abreviatura do Comando Operacional do Continente, o braço armado da revolução, comandado por Otelo. “O António estava lá colocado e quando o COPCON foi extinto foi lá buscar as suas coisas. Deu uma volta por outros gabinetes, viu o mapa e pensou: ‘O melhor é levá-lo, antes que vá parar ao lixo.’” Um receio com fundamento, dadas as condições que rodearam a extinção do COPCON após 25 de novembro de 1975, com o país à beira de uma guerra civil, Lisboa sob estado de sítio e muitos dos responsáveis por aquele comando detidos ou em fuga.

Percebendo o seu valor documental, Luísa Marques Júnior guardou-o no cofre do marido, no escritório onde ainda hoje lhe custa a entrar. “Era lá que ele guardava algumas armas e munições, documentos e as coleções de selos e moedas”, conta a viúva, que vai agora entregar o mapa à Torre do Tombo.

Representação das fronteiras de Portugal continental sobre o documento original

Intrigado, Otelo ofereceu-se para ajudar a desvendar a origem do mapa. “Deve ser coisa da repartição de operações. Vou ligar ao meu camarada Domingos Amaral Barreiros, pode muito bem ter sido ele”, avança o coronel, enquanto percorre os números guardados no telemóvel. “Tá? Domingos? Oi, pá. Um abração. É o Otelo, pá. Ouve lá, o Expresso traz-me um mapa em papel vegetal que tem em grandes pormenores os nomes dos oficiais que participaram da movimentação do 25 de Abril, com números de telefone, os quilómetros a percorrer de Santarém até Lisboa, de Aveiro até Coimbra, de Viseu até à Figueira... É impressionante, parece retirado da Ordem de Operações da Viragem Histórica, a que foram acrescentando detalhes. Tens alguma ideia disto? Também não?”

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