Um óvulo da mãe, o esperma do pai e outro óvulo de uma mulher dadora. A ‘receita’ correu como esperado e os especialistas de fertilidade envolvidos no caso anunciaram ter nascido esta terça-feira um bebé com três ‘pais’. O menino nasceu com 2,9 kg. Mãe e filho estão bem, escreve a BBC.
Não é a primeira vez que o procedimento é usado - um bebé nasceu no México, em 2016 – mas os médicos que acompanharam a gravidez dizem que se está a “fazer história”, por se provar que a técnica pode ajudar casais inférteis em todo o mundo.
O método foi desenvolvido para permitir que a partir de pais com mutações genéticas possam nascer bebés saudáveis. O caso da crança nascida no México envolveu uma mãe de 36 anos, saudável, mas portadora dos genes do Síndrome de Leigh, associados às mitocôndrias, que geram a energia necessária às funções celulares. Após sofrer quatro abortos e perder dois filhos, de 6 anos e oito meses, por causa da doença, a mulher e o marido pediram ajuda.
A falta de enquadramento legal para o procedimento, levou o casal, de origem jordana, a recorrer a uma equipa médica nos Estados Unidos.
Na prática, os especialistas removeram o núcleo de um ovócito da própria mulher e inseriram-no num de uma dadora ao qual tinham tirado o núcleo - depois este foi fertilizado com o esperma do marido. Dos cinco embriões criados, contava na altura a revista New Scientist, apenas um se desenvolveu normalmente. Foi esse que os médicos implantaram no útero da mulher. O bebé nasceu nove meses depois e com a mutação em apenas um por cento das mitocôndrias.
A técnica é controversa, com alguns especialistas a contestarem a sua utilização, embora outras vozes tenham surgido em sua defesa, por acreditarem que o método também pode aumentar as chances da fertilização in vitro. Para quem está contra, o argumento é o de que as duas aplicações - fertilidade e prevenção de doenças - são moralmente muito distintas.
Desta vez, a mãe é uma mulher de 32 anos, residente na Grécia, e com um historial de quatro tentativas falhadas de fertilização in vitro.
“O direito inalienável de uma mulher se tornar mãe com o seu próprio material genético tornou-se uma realidade”, afirmou o médico Panagiotis Psathas, presidente do Instituto da Vida, em Atenas.
A equipa grega trabalhou em parceria com o centro espanhol Embryotools, que por sua vez anunciou que outras 24 mulheres estão a ser acompanhadas, havendo já oito embriões prontos para serem implantados.
(Artigo atualizado às 12h20)