Jorge Pires, líder da recém-criada APOHSJ - Associação Pediátrica Oncológica, afirma que a remodelação governamental e a troca do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, por Marta Temido, não vai “travar a realização do Cordão Humano em torno do Centro Hospitalar São João”, previsto o próximo sábado, pelas 18h30. O porta-voz das crianças internadas em contentores defende que a substituição ministerial na tutela da saúde “peca por tardia”, embora tema que “os constrangimentos causados pelo Ministério das Finanças” ao avanço da construção do novo Centro Pediátrico “não desapareçam” com a nomeação de Marta Temido.
Segundo Jorge Pires, os contornos do atraso nas obras da ala pediátrica do Hospital São João “são do conhecimento” da nova ministra da Saúde, enquanto ex-presidente da Associação de Administradores Hospitalares e da Administração Central do Sistema de Saúde, razão pela qual a APOHSJ decidiu manter a realização do Cordão Humano. “É uma iniciativa apartidária de mobilização da sociedade civil do Porto e norte do país, que se mantém na ordem do dia face às más condições do serviço de internamento e que poderão agravar-se com a chegada do inverno”.
Tal como afirmou aos deputados, na Comissão Parlamentar de Saúde quarta-feira passada, Jorge Pires adverte para a necessidade de um ajuste direto que viabilize de forma urgente a construção da nova ala pediátrica, através da recuperação do projeto aprovado entre o Governo de Passos Coelho, o anterior Conselho de Administração do Centro Hospitalar São João e a associação 'Um Lugar para o Joãozinho'. “O despacho do Governo de fazer tábua-rasa do contrato em vigor é delapidar os €700 mil já investidos no projeto”, diz, sublinhando que começar do zero é “submeter as crianças a internamentos em condições de risco nos próximos oito ou nove anos”.
Recorde-se que na audição parlamentar, o responsável da APOHSJ adiantou que os pais das crianças em internamento estão a ponderar avançar para os tribunais para apurar responsabilidades por parte do Estado e da Administração do São João pela paralisação das obras há três anos, “quando existe um contrato que não caducou e pode ser retomado a qualquer momento desde que haja vontade política”.